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Brasil - Novo revés no ferro-gusa.

Publicada em 2011-08-12



A engrenagem da siderurgia caminhava a cada mês com saldo positivo e os sinais de uma recuperação acentuada ganhavam força após a crise iniciada em setembro de 2008. O bom momento da produção em alta foi interrompido e os guseiros perderam fôlego com alta dos juros, dólar em baixa e incertezas da economia dos Estados Unidos. O revés nos altos-fornos das siderúrgicas foi responsável pela demissão de 178 metalúrgicos no início da semana na região de Divinópolis, segundo maior produtor de gusa de Minas Gerais, atrás de Sete Lagoas. As dispensas podem ser creditadas às exportações de produtos siderúrgicos, que despencaram 36% em junho na comparação com maio, de acordo com dados divulgados ontem Núcleo de Pesquisas Econômicas - Nupec - da Faced.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Divinópolis e região confirmou demissões em duas siderúrgicas. A primeira foi a Unisider, na BR-494, com 108 dispensas por falta de pedidos na produção.
Já a Siderbrás demitiu 70 funcionários devido à retração do mercado. A expectativa, segundo o diretor da empresa em Divinópolis, Macy de Paula, é de que recontratações possam acontecer com a reação do mercado.
- Tivemos um período de mercado retraído possivelmente pelas incertezas da economia norte-americana e tivemos que dispensar os metalúrgicos - disse.

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, Luís Carlos Pereira, acredita que as demissões sejam pontuais e, pelo menos por enquanto, não há sinais de novas rescisões.
- Apenas essas duas empresas demitiram funcionários com a justificativa do mercado ruim, não temos informações se outras empresas irão demitir - comentou.

Série de fatores

A queda no volume de produção das siderúrgicas é uma combinação de fatores. Uma delas é o dólar desfavorável para as exportações.

- Oscilando ao redor de R$ 1,55 nos últimos dias, a menor cotação dos últimos doze anos, a cotação torna inviáveis as negociações em dólar - explica o economista Leandro Maia.

Alta dos juros é outro motivador para queda na produção das indústrias. O consumidor sente que o crédito ficou mais caro e deixa de consumir, afetando a linha de produção das empresas, explica o economista.
A incerteza da economia americana é outro complicador. Em 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público: US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões) e anunciaram medidas temporárias, como a suspensão de investimentos em fundos de pensão, a fim que evitar que a dívida ultrapassasse esse limite.

A insegurança norte-americana prejudicou as compras de produtos divinopolitanos. Em maio, 28% das exportações do município foram para os Estados Unidos. Já em junho, esse percentual caiu 1%, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC.

Crise de 2008

A crise do fim de 2008 ainda perturba as vendas dos produtos siderúrgicos para o mercado exterior, correspondentes a 98% da pauta de exportações de Divinópolis. Naquele ano, o município bateu o recorde histórico, com US$ 318 milhões exportados. Já no ano seguinte, os efeitos da turbulência americana derrubaram as vendas para o exterior em 66%, segundo dados do MDIC. Em 2010, o volume de exportação cresceu um pouco e foi maior que 2009, apresentando alta de 6%, somando US$ 116 milhões e ficando longe dos resultados obtidos em 2008.

Neste ano, apesar de queda de maio para junho, o resultado das exportações é animador. US$ 146 milhões já foram enviados para o exterior até junho, ultrapassando o valor de todo os 12 meses de 2010. Na comparação com os seis meses do ano passado, o valor é 180% maior.

 


Fonte: Jornal Agora



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