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BMW confirma projeto de ter fábrica no Brasil.

Publicada em 2012-03-22



Durante o lançamento do novo Mini Roadster, a reportagem do Carsale conversou com o presidente da BMW do Brasil, Henning Dornbusch, sobre os planos da marca de instalar uma fábrica no país. Depois de muita especulação e diversas notícias publicadas na imprensa especializada sem citar as devidas fontes, em um papo informal o chefão da BMW esclareceu as questões que envolvem o projeto pela primeira vez.

De acordo com Henning, a ideia de ter uma fábrica no Brasil começou em março de 2011, muito antes do anúncio do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados. “Antes disso já havia tido algumas conversas com a matriz sobre o tema. Em março, reunimos a ideia e em julho de 2011 apresentamos para o Governo Federal. Os trabalhos estavam avançados, com reuniões frequentes com os Estados interessados e com órgãos públicos, como o BNDES, por exemplo”, contou o executivo.

Porém, com o repentino aumento do IPI para importados, anunciado em setembro, a BMW congelou o projeto. “Para você ter uma ideia, estávamos próximos de fechar com um dos Estados concorrentes. Mas tudo foi paralisado. O investimento é muito alto, ronda na casa de R$ 1 bilhão, e não temos um volume de vendas tão expressivo para que se justifique arriscar num momento tão volátil”, afirmou Henning.

Além de citar as cifras envolvidas, o executivo também confirmou que os Estados na disputa eram São Paulo e Santa Catarina. “As duas regiões possuem bons apelos. O nosso foco não é apenas nos incentivos fiscais, algo que acaba se tornando um detalhe. Estamos de olho na infraestrutura portuária, das estradas e na capacidade de atendimento da rede de matérias-primas e fornecedores de autopeças”, concluiu.

Mesmo com a pausa, o presidente da BMW do Brasil garantiu que o projeto será retomado, apesar da pressão sofrida pela matriz. “A nossa ideia ainda é ter uma fábrica por aqui. Mas, o que foi noticiado dias atrás, que nossa matriz na Alemanha está começando a ficar impaciente, é verdade. Está ocorrendo uma demora excessiva para a divulgação das novas regras do setor automotivo. Portanto, o nosso papel é aguardar os próximos capítulos”, disse.

O que a BMW quer do novo acordo

Assim como as outras importadoras, a BMW luta para que as novas regras do novo acordo automotivo sejam mais brandas. A proposta é que as exigências de nacionalização das etapas de produção sejam gradativas, para que as empresas possam se enquadrar e viabilizar o negócio a longo prazo.

Com todo o esforço por parte das empresas que pretendem instalar uma unidade de produção no país, segundo o presidente da chinesa JAC Motors, Sérgio Habib, o novo acordo automotivo deve seguir nessa linha. O empresário contou que há duas opções em estudo pelo Governo Federal.

A primeira opção seria o pagamento do IPI com o reajuste divulgado em setembro e, assim que a fábrica ficar pronta e as atividades começarem, a empresa receberia um crédito de imposto para reinvestir no empreendimento. “Esse modo é interessante, mas sobrecarrega o caixa da empresa. Contudo, já é um avanço”, afirmou o Habib.

A segunda maneira seria com cotas gradativas de crédito do IPI pago. “A empresa paga o IPI reajustado e ao cumprir determinados estágios da construção da fábrica, como alicerces, cobertura, linha de montagem ou ferramental, o crédito seria dado pelo governo”, explicou o executivo.

Intercâmbio com universidades

Voltando ao assunto da fábrica da BMW, Henning Dornbusch, contou para a reportagem que a marca tem um plano de intercâmbio com centros técnicos alemães e universidades brasileiras. “Nosso projeto é bem maior que apenas construir carros por aqui. A nossa ideia é investir em um intercâmbio com os engenheiros brasileiros e os alemães, atingindo desde escolas técnicas como universidades”, disse.

O executivo afirma que deste modo, além de viabilizar o negócio da empresa no país, haveria um investimento em pesquisas e desenvolvimento tecnológico, algo tão discutido nos últimos meses.


Fonte: Carsale