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Brasileiro paga muito caro por um automóvel.

Publicada em 2012-08-15



O brasileiro paga caro pelos carros que compra, um dos maiores preços do mundo. Para as montadoras esse é o reflexo da carga tributária (42% do preço automóvel) aliada ao custo Brasil, onde energia, transporte e encargos da mão de obra pesam muito. Para o diretor da Agência Autoinforme, Joel Leite, que já conversou com presidentes das mais variadas montadoras pelo mundo, outro fator é o lucro da indústria, que no Brasil também é o maior do mundo.

“Um executivo da Mercedes-Benz me disse que cobra mais caro no País por um mesmo modelo porque o consumidor local paga o preço. Pra quê baixar então?”, relata. A situação inspirou o jornalista Kenneth Rapoza, da versão online da revista americana Forbes, a ironizar o comportamento do brasileiro, que pagaria caro por um status que não existe em modelos como Toyota Corolla, Honda Civic e Grand Cherokee, principal objeto de seu artigo, que gerou muita repercussão no Brasil.

Para abalizar a opinião, Rapoza usa o exemplo do Jeep Grand Cherokee, que no Brasil sai por R$ 179 mil, ou cerca de US$ 89,5 mil. Nos EUA, este veículo custa em torno de US$ 28 mil (ou R$ 56 mil)”. Ele lembra que a indústria do Cherokee, a Chrysler, vai lançar em outubro a caminhonete Dodge Durango por R$ 190 mil (US$ 95 mil) no Brasil. “Nos EUA, custa US$ 28 mil (R$ 56 mil). Um professor de escola pública no Bronx pode pagar por um, talvez não um novo, mas um com dois anos de uso”, ironiza. “Me desculpem brazukas. Não há status no Corolla, no Civic, no Jeep Grand ou Dodge Durango. Vocês definitivamente estão sendo enganados.”

Para o especialista brasileiro, no entanto, o jornalista americano erra quando fala apenas dos carros importados. “Esse cara põe os pés pelas mãos. Não é o carro importado que é caro no Brasil. O carro feito no País também é caro”, compara. Para ele, a questão do brasileiro pagar mais não é pelo status, mas pela falta de opção. “O brasileiro não tem opção porque não tem concorrente quando se trata de carro de luxo”, diz referindo-se à Cherokee, que não tem um equivalente sendo produzido no Brasil. Por exemplo um Fox no Brasil custa R$ 32 mil, enquanto na Alemanha seria o equivalente a R$ 21 mil. Leite reconhece, no entanto, que em países como os EUA, Cherokee não é considerado de luxo. “Lá, qualquer pessoa tem”, diz, completando. “Temos uma elite no Brasil, pequena, mas que paga qualquer preço pelo carro”, diz.

É aí que as montadoras se aproveitam. Num artigo publicado no Autoinforme, Joel compara o preço do Corolla XEI 2.0, produzido no Brasil e exportado para outros países. Mesmo saindo daqui, o valor pago por consumidores da Argentina, Chile e até mesmo da Europa, é mais em conta que o praticado no mercado local. No Brasil, o veículo fica na casa de R$ 75 mil, enquanto ele custa o equivalente a R$ 50 mil na Alemanha, R$ 32 mil nos EUA ou R$ 46 mil e R$ 41 mil na Argentina e no Chile, respectivamente. O Jornal do Commercio já publicou matérias comparando os preços. Numa delas, sobre o Salão de Detroit em 2011, informou que o Ford Fusion custa nos EUA R$ 33 mil, enquanto no Brasil o carro não sai por menos de R$ 80 mil. (Jornal do Comércio)

 


Fonte: Jornal do Comércio