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Minério de ferro cai abaixo de US$ 90 por tonelada

Publicada em 2012-08-31



Em trajetória de baixa há meses, o minério de ferro, usado na produção de aço, acentuou sua queda nesta semana e, pela primeira vez desde 2009, é cotado abaixo de US$ 100 por tonelada.

Ontem, rompeu a barreira dos US$ 90. O minério com 62% de teor de ferro negociado à vista na China -referência do mercado internacional- atingiu US$ 88,70 por tonelada, o menor valor desde outubro de 2009, no meio da crise financeira global.

Em 2012, o principal produto da pauta exportadora brasileira perdeu 36% de seu valor. Só nesta semana, a retração é de 11%.

Maior consumidor da commodity, a China é o motivo da queda -cresce o temor de que a economia do país desacelere mais que o esperado.

“Os dados de importação de minério de ferro e de consumo de energia elétrica não correspondem ao que é esperado para a economia chinesa”, diz Rafael Bistafa, economista da Rosenberg.

A retração, portanto, tem fundamento. Mas a força da queda, certamente sob a influência de especuladores, surpreendeu os analistas, que preveem recuperação.

Para a equipe de análise do banco Itaú, o minério de ferro deve retomar o fôlego nos próximos meses. Mas o processo será “muito lento”.

“Esperamos que a tonelada do minério de ferro atinja equilíbrio próximo a US$ 120 até meados de 2013″, dizem os analistas de commodities do Itaú, em relatório.

As mineradoras chinesas se adaptam à nova realidade de preços -quase metade tem custo de produção superior a US$ 100 por tonelada.

Segundo a associação do setor, a produção chinesa de ferro deve cair 10% neste mês ante igual período de 2011, informou ontem a Bloomberg. A esperança é que os preços reajam à menor oferta.

Nova dúvida As perdas de soja com a seca nos Estados Unidos mal foram contabilizadas e o mercado já começou a especular sobre o andamento da próxima safra na América do Sul.

El Niño A expectativa continua sendo de safra recorde pelo aumento de área e pelo clima favorável. Surgem, no entanto, previsões de que o El Niño, que garantiria chuvas acima da média, será mais curto e brando do que o previsto anteriormente.

Impactos O clima seco em importantes regiões produtoras, como Mato Grosso, às vésperas do início do plantio já começa a preocupar. Na safra passada, o fenômeno La Niña provocou quebra de safra na América do Sul.

Inflação As matérias-primas que compõem o IPA (Índice de Preços ao Produtor) subiram 4,92% neste mês, informou a FGV. O milho, com 20%, e a soja, com 11%, foram os destaques. Aves e suínos também subiram.

De novo, a Rússia Autoridades russas detectaram a bactéria Listeria monocytogenes em cortes de aves congelados enviados pelo Brasil. O Ministério da Agricultura foi notificado ontem.

Medida Investigação será aberta para identificar o foco de contaminação e o resultado será enviado aos russos. O país solicitou medidas para que isso não se repita.

Mauro Zafalon


Fonte: Folha online