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GM do Brasil acumula estoque de 42 dias e projeta piora com Copa.

Publicada em 2014-04-10



A General Motors acumula estoque de veículos que corresponde a 42 dias úteis de vendas. Apesar de o índice ser considerado acima do normal, ainda está abaixo da média geral do setor, que condiz a 48 dias, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Como medida reparatória, serão concedidas férias coletivas a cerca de 6.000 funcionários da planta de São Caetano dos dias 14 a 27. Entretanto, a Copa do Mundo mostra-se como um possível vilão para o mercado, na visão do vice-presidente da montadora, Marcos Munhoz.

O executivo teme os efeitos dos dias inoperantes referentes ao evento. As linhas de produção podem ficar até sete dias paradas por conta dos jogos da Seleção Brasileira. “É preciso aguardar quantos feriados serão concedidos oficialmente e em quais cidades. Mas, de qualquer forma, o setor será afetado. Imagine que eu posso ficar até um quarto de um mês sem operações.”

Munhoz explicita um cenário dos mais pessimistas porque tem certeza de que a indústria não terá fôlego para recuperar-se em outros meses. Nesta conjuntura, projeta recuo de 4% a 5% do setor no fechamento do ano.

Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que a venda de veículos em março foi a pior em cinco anos. Foram comercializados 240.807 veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) ante 259.345 registrados em fevereiro.

Uma das poucas soluções para este problema estaria em medidas como nova redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), destaca o executivo que, em contraponto, adota postura cética quanto à manobra. Ele também não acredita que o artifício seja usado de forma populista em épocas de eleição.

Apesar da opinião, Munhoz tenta não ser pessimista. “O mercado precisa e vai melhorar. Com a migração de classes sociais, o número de carros velhos nas ruas e a ampliação de fabricantes no País, é impossível que não haja evolução”.

Argentina

As restrições comerciais impostas pela Argentina, principal mercado importador de veículos brasileiros, também tiveram forte influência no acúmulo de estoque. Segundo Munhoz, com isso, aumentou o número de funcionários que a GM terá de conceder férias fora de época. “Nosso setor é o único onde o Mercosul existe de fato. Há intensa integração para que não haja canibalismo entre os mercados.”

A situação ficou mais otimista após memorando de entendimento assinado pelos países na semana passada, que visa fortalecer o comércio bilateral. Há o comprometimento de buscar ferramentas que gerem financiamento para o comércio, que no ano passado teve deficit de US$ 3,153 bilhões para a Argentina.

Investimento

O vice-presidente da GM recusou-se a comentar quais investimentos a marca irá fazer em relação aos produtos. Não comentou sobre os rumores de substituição do modelo popular Celta, bem como sobre a fabricação do utilitário esportivo Tracker em território nacional - hoje ele é importado do México.

Munhoz afirma que todos os investimentos já estão definidos, porém, comenta que a aplicação de capital no momento está sendo enfatizada em inovações em eficiência energética. Ele acredita que essa será uma tendência do mercado. “As maiores novidades a serem apresentadas serão coisas que a gente não vê. Como pneus mais performáticos, motores mais econômicos e com melhor desempenho.” 


Fonte: Diário do Grande ABC