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Autopeças apelam para férias coletivas no Brasil

Publicada em 2014-08-19



A indústria de autopeças mineira vai seguir o rastro das fabricantes de automóveis e caminhões de todo o país e também fechará o ano no vermelho. A situação chegou ao ponto de os fornecedores da Fiat Automóves S/A, instalada em Betim (RMBH), acompanharem a montadora e também dar férias coletivas a cerca da metade do efetivo.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas, João Alves de Almeida, revelou que logo após a Fiat conceder férias coletivas para aproximadamente 6 mil funcionários, do último dia 11 até amanhã, o cinturão de fornecedores da montadora replicou a medida e também colocou cerca de 50% do efetivo em férias coletivas.

Entre as fornecedores que adotaram a medida estão a Metalúrgica Mardel, a Aethra Sistemas Automotivos, a Comau, a Denso, a Nemak Alumínio do Brasil, a Magneti Marelli e a Teksid do Brasil. Apesar de admitir que toda a cadeia automotiva deve ter uma retração neste ano sobre 2013, Almeida lembra que a base de comparação é forte, uma vez que no exercício passado foram quebrados recorde de produção do setor, inclusive pela própria Fiat.

'Além da forte base de comparação, estamos em plena campanha salarial e acredito que esse tipo de movimento, como férias coletivas, também visa inibir o trabalhador. Da mesma forma, as montadoras estão tentando pressionar o governo para conquistar benefícios, como a regressão da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para 0%', explicou.

Embora a Fiat não tenha confirmado, Almeida afirmou que a montadora ainda pode promover parada técnica de três dias ao final das férias coletivas, o que faria com que a produção de várias linhas fiquem suspensas por praticamente 15 dias. A medida também seria acompanhada pelos fornecedores.

Estoques - A Fiat já informou que as férias coletivas têm o objetivo de 'balancear o mix de produção e reduzir os estoques', uma vez que os carros no pátio estão em nível bem acima do normal, graças a uma queda de 10,3% nas vendas na comparação de janeiro a julho deste ano com o mesmo intervalo de 2013.

Para o presidente da Câmara Automotiva da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Fábio Sacioto, a situação do setor reflete mais os impactos da Copa, com menos dias de produção, e das incertezas geradas pelas eleições presidenciais, do que um problema conjuntural.

'Tudo isso afetou a confiança do consumidor na economia e as vendas do segmento. A visão de futuro é positiva porque a indústria automotiva vem crescendo muito nos últimos anos e quando vemos queda de produção, temos que considerar todas essas influências e a base forte de comparação que foi 2013', afirmou.

De acordo com a Pesquisa Indicadores Industriais (Index), da Fiemg, a indústria de veículos automotores, que envolve também toda a cadeia de autopeças, teve queda de 21,3% no faturamento do primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo intervalo de 2013. O fraco desempenho do segmento foi o que mais pesou no resultado geral do parque mineiro, que registrou recuo de 6,6%, em igual confronto.

Conforme a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção das montadoras de veículos instaladas no país, incluindo carros, caminhões e ônibus, no acumulado dos primeiros sete primeiros meses caiu 17,4% em relação ao idêntico intervalo de 2013.

Em tentativa de evitar perdas maiores para o setor automotivo, no começo de julho, o governo federal confirmou a manutenção da alíquota reduzida do IPI para carros novos até dezembro. Conforme programação original, o imposto devia alcançar sua alíquota 'cheia' no dia 1º daquele mês.

Leonardo Francia 


Fonte: Diário do Comércio