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Escassez do zinco torna metal mais atraente nos mercados

Publicada em 2014-09-15



Um operário carrega calcita, usada para extrair chumbo e zinco do minério bruto, numa fundição da empresa Lumbung Mineral Sentosa ao sul de Jacarta, capital da Indonésia. Os preços do zinco saltaram para um nível recorde nos últimos três anos devido à escassez crescente do metal. 

O zinco está se tornando escasso no mundo, o que vem incentivando alguns investidores a comprar ações de mineradoras e forçando a Casa da Moeda dos Estados Unidos a buscar uma maneira mais barata de produzir o "penny", a moeda de um centavo do país.

Os preços do zinco saltaram para um nível recorde nos últimos três anos e os investidores estão apostando que vão continuar subindo. De fato, algumas das maiores minas do metal no mundo estão se esgotando, justamente quando a demanda está crescendo.

O zinco é usado em todo tipo de produto, de revestimentos para aço a pneus de carros e protetores solares, e o metal tem poucos substitutos. A Casa da Moeda dos EUA cortou seus custos de produção para compensar a alta do preço do zinco, que compõe 97,5% de cada "penny". Mas as siderúrgicas, que compram cerca de metade da produção mundial, estão num dilema mais difícil. O zinco é um dos vários metais resistentes à ferrugem que são vitais no processo de produção de aço, em que os custos dispararam este ano.

A produção de zinco em 2014 deverá cair abaixo da demanda pela primeira vez desde 2007, segundo o Goldman Sachs. GS +1.20% Várias minas grandes e antigas devem ser fechadas no próximo ano. Além disso, as mineradoras precisam de preços mais altos para justificar o custo de descobrir e explorar novas fontes do metal. É possível que só em 2018 as empresas consigam produzir zinco suficiente para atender às necessidades das siderúrgicas e dos fabricantes de moedas, dizem analistas. Enquanto isso, a recuperação do mercado imobiliário nos EUA e a alta das vendas mundiais de automóveis estão criando uma nova demanda por aço galvanizado.

O zinco para entrega em três meses está sendo negociado perto de US$ 2.277 a tonelada na Bolsa de Metais de Londres, a LME, pouco abaixo de um pico de três anos. Os futuros subiram perto de 15% este ano. O BNP Paribas BNP.FR -0.35%prevê um preço médio de US$ 2.550 a tonelada em 2015.

"Há um número relativamente pequeno de grandes minas de zinco que estão chegando ao fim de sua vida útil", diz Stephen Briggs, estrategista de metais do banco. "Embora haja minas para substituí-las, não são tantas assim e nem tão grandes [...] estamos chegando ao ponto crítico."

No ano que vem, as mineradoras devem fechar duas minas que correspondem a 7% da produção global. Substituir essa oferta não será fácil. Uma das minas que deve ser fechada, a Century, na Austrália, produz 500 mil toneladas de zinco por ano, o equivalente a cerca de cinco minas novas, diz Briggs.

Os usuários de zinco estão recorrendo aos estoques do metal para compensar a queda na produção. Em julho, os estoques nos armazéns licenciados pela LME caíram para seu nível mais baixo nos últimos três anos e meio. No ano, o recuo já chegou a 21%. Os armazéns contêm zinco suficiente para atender a 19 dias de demanda, ante 24 dias no início do ano.

"A alta recente nos preços do zinco foi realmente provocada pelo fato de que os estoques vêm caindo muito mais rápido do que as pessoas esperavam", diz Catherine Raw, gestor de carteira de commodities da BlackRock Inc. BLK +0.17%

George Cheveley, gestor de portfólio de commodities da Investec Asset Management, disse que está comprando ações da Glencore GLNCY -0.68% PLC, a terceira maior produtora mundial de zinco, para aproveitar um longo período de alta nos preços. A Glencore, que fechou duas minas de zinco no ano passado, afirmou, numa apresentação a investidores em 20 de agosto, que "o déficit no mercado vai aumentar ainda mais".

"Parece que o mercado de zinco já entrou num déficit [...] e os novos projetos [de mineração] são muito poucos e todos exigem preços mais altos", diz Cheveley. A Investec administra US$120 bilhões.

Os investidores estão mais otimistas quanto ao mercado de zinco, que movimenta US$750 milhões por ano, do que qualquer outro metal negociado na LME, segundo dados da bolsa.

Globalmente, a demanda pelo zinco subiu 7,7% nos primeiros seis meses, para 6,8 milhões de toneladas, segundo o Grupo de Estudos Internacional de Chumbo e Zinco, uma organização do setor.

Os investidores que apostam na alta dos preços julgam que as mineradoras vão precisar de pelo menos dois anos para aumentar a produção e atender à demanda crescente. As novas minas são, com frequência, sujeitas a atrasos e aumentos acentuados nos custos de construção. A MMG Ltd. 1208.HK -1.02% , dona da mina Century, planejava abrir uma nova mina na Austrália no próximo ano, mas teve que adiar o início para fins de 2016 devido a problemas técnicos.

É verdade que alguns investidores dizem que o preço do zinco já atingiu o pico. As fundições de zinco chinesas, que refinam o minério e o transformam em metal, têm grandes estoques de minério bruto que ainda podem usar. A China responde por cerca de 44% do consumo mundial de zinco.

"Há muito metal não refinado na China e, se a capacidade de refino aumentar, o mercado pode se equilibrar", diz Manne Rasmussen, analista do Vontobel Belvista Commodity Fund, de Zurique, que administra US$ 594 milhões. O fundo detém aplicações em futuros de zinco que lucrariam com uma queda nos preços, após ter apostado que os preços subiriam durante grande parte de 2014.

Outros investidores, porém, acreditam que a demanda doméstica por zinco na China será maior que o mercado prevê.

"Embora as pessoas esperem um aumento da oferta do zinco chinês, ela não vai compensar o crescimento da demanda interna e mais os fechamentos de minas no Ocidente", diz Cheveley, da Investec.


Fonte: The Wall Street Journal Americas