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Brasil - Fundições devem demitir 6 mil em Minas

Publicada em 2014-10-14



A indústria de fundição de Minas Gerais deve demitir cerca de 6 mil trabalhadores diretos, entre outubro e o fim deste ano, reduzindo o número de postos de trabalho gerados dos atuais 24 mil para 18 mil. O segmento, tradicional no parque produtivo mineiro, atravessa um período de fraca demanda e elevado índice de ociosidade, que devem fazer com que a produção em 2014 se iguale à de 2009, quando foi registrado o pior resultado dos últimos anos, devido à crise internacional que estourou em setembro de 2008.

Conforme o presidente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga, o problema não se restringe às demissões em si, mas ao custo para recontratar e capacitar trabalhadores em caso de uma recuperação da atividade e da própria economia.

"Nós vamos perder mão de obra qualificada, que vai procurar outro segmento para trabalhar e não retornará para a fundição. Treinar trabalhadores custa caro, porque, além de investir novamente em qualificação, você perde o funcionário capacitado", explicou Gonzaga. Segundo ele, as empresas do setor estão lutando para não demitir por esta razão, mas já houve demissões e até o final do ano 6 mil empregados devem ser "mandados embora".

Um dos fatores que levaram o setor a chegar a esse ponto é o momento difícil pelo qual passa a indústria automotiva no país, com as montadoras anunciando férias coletivas, lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e demissões voluntárias, além de pátios lotados. De acordo com o presidente do Sifumg, o setor automotivo responde por aproximadamente 60% do consumo de fundidos no país.

Em Minas, por exemplo, a Fiat Automóveis S/A (Fiasa), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e a Iveco Latin America, em Sete Lagoas (região Central), fabricante de caminhões e veículos comerciais da marca italiana, já deram férias coletivas e promoveram paradas técnicas para adequação dos altos estoques.

A Mercedes-Benz do Brasil passa por uma situação ainda pior em sua planta em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Depois de investir R$ 450 milhões para requalificar a unidade para produzir veículos pesados, na tentativa de reverter uma ociosidade histórica da planta, originalmente construída para fabricar veículos de passeio, a linha de produção de caminhões leves será desativada em 2016.

Agronegócio - Além do setor automotivo, também é verificada redução nos pedidos por parte do agronegócio, outro importante cliente das fundições no Estado. "Para este ano, não há perspectivas de melhora e não temos qualquer indicador que 2015 pode ser melhor. Não estamos trabalhando com planejamento, mas temos esperança de surgir uma surpresa positiva", afirmou Gonzaga.

De acordo com ele, a produção do parque mineiro iniciou o ano em 104 mil toneladas em janeiro, caiu para 96 mil toneladas no mês seguinte e hoje está na casa das 60 mil toneladas mensais. Até o final do exercício, a expectativa do dirigente é que a produção média seja de 40 mil toneladas mensais, pior resultado, semelhante ao de 2009.

"Estamos voltando às condições de 2009, que foi o auge da crise para o setor, quando reduzimos a produção em 50%", lamentou o dirigente do Sifumg, que representa cerca de 400 empresas do setor em Minas.


Fonte: Diário do Comércio