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04/10/2009) – Relegado a um segundo (ou terceiro) plano nas últimas décadas, o setor ferroviário está despontando como uma das áreas de maior potencial de crescimento no Brasil a médio prazo. Levantamento realizado pela direção da feira Negócios nos Trilhos (de 10 a 12 de novembro, no Expo Center Norte) apurou a existência de investimentos em curso no montante de R$ 28 bilhões. Além disso, para os próximos cinco anos, estão previstos outros R$ 43 bilhões.
No primeiro bloco, o dos projetos em andamento, contam-se as ferrovias Transnordestina, Norte-Sul (trecho Norte), a duplicação de Carajás, aumento da capacidade da EF Vitória-Minas e da ALL, extensões do Metrô SP e CPTM e Metrô Rio. No segundo bloco, o dos investimentos futuros, destacam-se o trem-bala ligando São Paulo e Rio de Janeiro, a linha 4 do Metrô Rio, o VLT de Congonhas, Norte-Sul (trecho Sul), entre outros.

Vale ressaltar que nesse montante não se encontram, por exemplo, os vários projetos de metrô em estudo pelas cidades-sede da Copa 2014. Outro detalhe é que esta conta inclui apenas um terço do total previsto para o trem-bala (R$ 7,3 bilhões, de R$ 21,9 bilhões), que seria o valor aplicado até 2014.

O potencial do setor ferroviário brasileiro está sendo observado por multinacionais do setor, como observa Gerson Toller Gomes, diretor da feira Negócios nos Trilhos. “O maior estande da feira, com 300 m², foi reservado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia da Alemanha, que irá trazer várias empresas interessadas no mercado brasileiro”, informa. Além disso, lembra que a espanhola CAF - que venceu recentemente concorrência para fornecer 46 trens para a CPTM e 17 para o Metrô SP - está construindo fábrica em Hortolândia, no Interior de São Paulo. Gomes informa ainda que a canadense Bombardier já anunciou planos para ampliar sua fábrica brasileira, também instalada em Hortolândia.

SIEMENS - Outra notícia nesse sentido foi divulgada na semana passada durante encontro na Câmara de Deputados, em Brasília, onde se discutia o projeto do Trem-Bala: a Siemens vai instalar no Brasil, mais precisamente em Cabreuva (SP), uma unidade de produção voltada ao setor ferroviário. "Se o mercado continuar dessa forma, pensamos em ampliação e em implantação de novas fábricas", disse ao Valor Econômico Ramon Fondevila, diretor-geral da Alstom, que até a chegada da CAF era a única fabricante de trens de passageiros.

O Simefre, entidade que representa os fabricantes de materiais e equipamentos ferroviários e rodoviários, informa que o índice médio de nacionalização do setor hoje é de 70%, com tendência a crescer. Outro número que está em crescimento é o de fornecedores nacionais, segundo a entidade, por conta dos investimentos já em andamento.

Vale lembrar que na década de 1950 a malha ferroviária brasileira contava com 37 mil km de trilhos. Hoje são apenas 29 mil km de ferrovias. Se todos os investimentos previstos saírem do pape,l em 2015 o País terá 35 mil km de trilhos, abaixo portanto do nível de 1950. O plano governamental para o setor, de acordo com a ANTF - Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, é o de chegar a 2030 com 52 mil km de estradas de ferro, considerado o ideal para cobrir todo o território nacional.