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Minério de ferro volta a cair para US$ 50

Publicada em 2015-10-28



Os preços do minério de ferro estão recuando novamente, voltando a cair para US$ 50 por tonelada após seis dias de perdas, pois a oferta de baixo custo e a demanda afogada na China estimulam a preocupação de que um excesso mundial persistirá em 2016.
 

O minério com 62 por cento de conteúdo enviado para Qingdao perdeu 1,1 por cento na segunda-feira, para US$ 51,03 por tonelada seca, o valor mais baixo desde 16 de julho, segundo a Metal Bulletin Ltd. A matéria-prima - que atingiu o valor mínimo de US$ 44,59 no dia 8 de julho, um recorde nos dados diários sobre preços de maio de 2009 para cá - avança para a primeira perda mensal desde julho.

O novo declínio mostra que o mercado global ainda não atingiu um equilíbrio porque as maiores companhias mineradoras estão impulsionando a produção barata e o consumo de aço está se contraindo na China. A Rio Tinto Group e a Vale SA informaram aumentos da oferta trimestral neste mês e dados da China mostraram uma desaceleração do crescimento econômico e mais uma queda na produção de aço. Como muitas siderúrgicas da China estão perdendo dinheiro porque os preços do aço estão diminuindo, a previsão do presidente da Shanghai Baosteel Group Corp., Xu Lejiang, é que a produção nacional pode acabar caindo 20 por cento.

Redução da produção
 

"A oferta das grandes companhias mineradoras aumentou notavelmente", disse Xu Huimin, analista da Huatai Great Wall Futures Co. em Xangai, em entrevista por telefone. "Os prejuízos das siderúrgicas estão se acumulando e elas serão obrigadas a reduzir a produção mais cedo ou mais tarde. A magnitude das reduções na produção de aço determinará o tamanho do excedente de minério de ferro".

Os preços de referência se mantêm entre US$ 50 e US$ 60 desde o dia 10 de julho, apoiados pelos estoques baixos nos portos da China. O Westpac Banking Corp. disse neste mês que a faixa de US$ 10 provavelmente cederia antes do fim do ano. O Goldman Sachs Group Inc. projetou mais perdas e o Citigroup Inc. disse que os preços cairão para menos de US$ 40 no primeiro semestre de 2016.

A produção de aço bruto na China, que responde por metade da produção global, diminuiu 3 por cento, para 66,12 milhões de toneladas, em setembro em relação ao ano anterior devido à queda da demanda local. Xu da Shanghai Baosteel disse aos repórteres em Xangai na semana passada que a contração na produção da China acabaria igualando a experiência vista nos EUA, na Europa e em outros lugares.

Cortes de taxas
 

A recente queda do minério de ferro está ocorrendo apesar de os responsáveis pela política econômica da China terem introduzido uma série de medidas para estabilizar o crescimento. O banco central anunciou mais cortes para a taxa de crédito de referência e para as reservas exigidas aos bancos na sexta-feira. Os líderes do país vão se reunir nesta semana para elaborar um plano quinquenal para a segunda maior economia do mundo.

Os maiores produtores continuam aumentando a produção no intuito de diminuir os custos por tonelada, expandir as vendas e tomar participação no mercado de rivais menos eficientes. A BHP Billiton Ltd., a maior companhia mineradora do mundo, disse no dia 21 de outubro que a produção de minério de ferro aumentou 7 por cento, para 61,3 milhões de toneladas, nos três meses até o dia 30 de setembro, dois dias após a brasileira Vale informar uma produção recorde de 88,2 milhões de toneladas no período. A Rio informou que a produção cresceu 12 por cento no terceiro trimestre.

Os estoques nos portos da China, monitorados como um indicador da demanda, começaram a se expandir novamente. Os estoques aumentaram 0,9 por cento, para 83,95 milhões de toneladas, no dia 23 de outubro, o nível mais alto desde maio, segundo dados da Shanghai Steelhome Information Technology Co.


Fonte: UOL