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A batalha do aço.

Publicada em 2010-09-13



A importação de aço continua a crescer e com ela volta a queda-de-braço entre siderúrgicas e o governo. De um lado, os fabricantes de aço alegam que a importação do produto já é duas vezes maior do que o volume do ano passado, embora haja até excedente da produção interna. Na outra ponta, governo e indústrias que utilizam aço em seus processos produtivos afirmam que as siderúrgicas que têm sede no Brasil cobram preços elevados pelo produto, são inflexíveis na maioria das negociações e se unem para evitar que haja redução dos preços.

As siderúrgicas querem que as tarifas de importação aumentem, já que o atual nível de 12% a 14% não está impedindo a entrada de produtos do exterior, principalmente da Ásia.

Enquanto o assunto não se resolve, os fabricantes de aço do País se movimentam. A Usiminas, por exemplo, pediu ao governo a abertura de um processo antidumping contra a importação de chapas grossas de aço, que são usadas na indústria naval, entre outros setores. Além disso, comenta-se no mercado que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também estaria prestes a pedir providências contra a compra no exterior de vários tipos de aço que têm produção local.

As siderúrgicas não deixam de ter razão, ainda mais quando se recorda que o quadro econômico lhes é especialmente desfavorável. O preço do minério de ferro - matéria prima básica do setor - disparou nos últimos meses, o câmbio é mais do que favorável para importações e vários concorrentes (principalmente os chineses) são conhecidos por adotar subsídios para exportar seus produtos. Também deve-se lembrar que há excesso de capacidade de aço no mundo.

O governo tem o dever de agir de acordo com o interesse econômico do País. Pesados os prós e os contras, parece lícito que as siderúrgicas se queixem do crescimento das importações em um cenário como o atual. Não parece que haverá grande prejuízo para a economia como um todo se aumentar a tarifa de importação dos vários tipos de aço, desde que as siderúrgicas, em contrapartida, se comprometam a fazer reajustes de preço em patamares minimamente aceitáveis. Como se trata de assunto relevante, o maior erro será adiar uma solução para o problema.


Fonte: DCI