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Preço do aço deverá cair no mercado doméstico.

Publicada em 2010-10-27



Os preços do aço no mercado internacional deverão apresentar queda nos próximos dois meses. As perspectivas de curto prazo são de acirramento na concorrência em virtude da sobreoferta do produto nos principais mercados consumidores. Com este cenário, a elevação das importações, aliada à valorização do real frente ao dólar, poderá resultar em nova redução nos valores negociados no mercado doméstico.

O temor em relação ao acirramento das compras externas por parte dos países da América Latina esteve na pauta do 51º Congresso Latino-americano de Siderurgia, em Buenos Aires, na Argentina. O evento, que ocorre entre 24 e 26 de outubro, é promovido pelo Instituto Latino Americano de Ferro e Aço (Ilafa, da sigla em espanhol).

Com o incremento significativo das importações de aço no Brasil neste ano, as siderúrgicas já reduziram os preços no mercado interno em até 25% nos últimos três meses, para diminuir a diferença entre os valores nacionais e externos. A medida visa evitar os desembarques do produto no país.

De acordo com o economista da World Steel Dynamics, consultoria especializada no setor siderúrgico, Peter Marcus, o setor siderúrgico deverá verificar um comportamento em "V" dos preços no curto prazo. "Haverá uma queda nos próximos dois meses, mas em 2011 veremos uma recuperação nos valores no mercado internacional", disse.

Apesar disso, conforme ele, no longo prazo as perspectivas para o setor são positivas. "O consumo na China irá crescer, o que deverá reduzir a sobreoferta de aço no mercado internacional", explicou.

A redução nos preços do aço no mercado internacional poderá acirrar a onda de importações para a América Latina. O presidente do Ilafa e CEO do grupo Gerdau, André Gerdau Johanppeter, afirmou durante a cerimônia de abertura do evento que os desembarques tanto de aço quanto de produtos acabados geram preocupação para o setor.

Apesar disso, conforme ele, as perspectivas no médio prazo são positivas devido à retomada da economia nos países da América Latina no período pós-crise. "O consumo de aço na região irá crescer cerca de 8% no próximo ano", afirmou.

Já o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, disse que com a queda nos preços no mercado internacional o Brasil também será afetado. Ele não descartou a possibilidade de o grupo siderúrgico reduzir os preços. "Vamos acompanhar o mercado", afirmou.

Proteção - Para o empresário, o governo deverá anunciar medidas para proteger a indústria brasileira diante do atual cenário em que as importações podem causar perdas. Ele lembrou que a Receita Federal do Brasil (RFB) publicou na semana passada um portaria que determina que a alíquota de 12% sobre a importação de aço passa a ser cobrada sobre valores fixados em tabela e não sobre o preço da nota de compra do produto.

Nenhum dos especialistas se arriscou em projetar de quanto será a nova queda nos preços provocada pela elevação nos estoques do produto. De acordo com o CEO da empresa de consultoria alemã RCG, Joachim Schroder, os índices dependerão do comportamento de cada mercado e fatores como a formação de estoques no período.

As importações brasileiras aumentaram 160,2% entre janeiro e setembro ante o mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses do os desembarques totalizaram 4,378 milhões de toneladas, ante 1,682 milhão de toneladas em 2009, conforme último relatório do Instituto Aço Brasil (IABr).

As compras externas de aços planos aumentaram 163,8% na mesma base de comparação. Nos primeiros nove meses do ano as importações totalizaram 2,950 milhões de toneladas, contra 1,118 milhão de toneladas em 2009.

Os desembarques de aços longos cresceram 198,8% entre janeiro e setembro em relação ao acumulado dos primeiros nove meses do ano passado. As importações passaram de 350 mil toneladas para 1,046 milhão de toneladas.


Fonte: Diário do Comércio