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China e guerra levam minério para perto de US$ 160/tonelada
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Na reta final de março, os preços do minério de ferro voltaram a buscar os níveis vistos no primeiro trimestre de 2021, quando a cotação média no mercado à vista chegou a US$ 166,88 por tonelada. Ontem, no norte da China, a principal matéria-prima do aço foi negociada a US$ 158,30 por tonelada, segundo índice da Platts, da S&P Global Commodity Insights.
Com esse desempenho, o minério com teor de 62% de ferro encerrou março com valorização de 13,8%. No trimestre, a alta chegou a 33%, embalada pelas medidas de estímulo à economia na China e a perspectiva de que as exportações de aço chinês para Europa, Oriente Médio e Ásia cresçam com a guerra na Ucrânia.
O impulso no fim de março veio das indicações do governo chinês de que adotará medidas adicionais para estimular a economia, em meio aos bloqueios anunciados para conter o surto de covid-19 no país. Ainda assim, o valor médio nos três primeiros meses de 2022, de US$ 141,50 por tonelada, ficou 15% abaixo do verificado um ano antes.
Preço médio nos três primeiros meses deste ano foi 15% menor que o registrado no mesmo período de 2021
Para o chefe de pesquisas do banco Julius Baer, Carsten Menke, a commodity já é negociada no teto da faixa de preços que seria sustentada pelos fundamentos do mercado. A guerra na Ucrânia e as sanções impostas à Rússia, explica, levaram a um déficit na oferta de aço no mercado europeu - os dois países são fornecedores relevantes de produtos siderúrgicos e outras commodities metálicas. “Consequentemente, deve haver maior demanda por exportações de aço de outros países, como a China”, diz.
No mês passado, aponta em relatório a S&P Global Commodity Insights, a China elevou os embarques de produtos acabados e semi-acabados uma vez que compradores europeus, do Oriente Médio e de outras regiões da Ásia não puderam ser atendidos por Rússia e Ucrânia.
Em pesquisa sobre expectativas para o segundo trimestre, segue a consultoria, a maior parte dos entrevistados disse esperar exportações chinesas de aço superiores. “Os pedidos de março indicam um grande salto nas exportações entre abril e maio, e a demanda externa mais forte pode ajudar a compensar a fraca demanda doméstica e dar suporte aos preços”, aponta o relatório.
“Esse fator pode compensar um pouco o impacto negativo da demanda doméstica [na China], mas não deve ser suficiente para desencadear um mercado com viés de alta mais duradouro para minério de ferro ou aço”, pondera Menke, do Julius Baer. Maior produtora mundial de aço bruto, a China é também a maior consumidora de minério de ferro e tem assistido à desaceleração da atividade no setor imobiliário, mercado relevante para o aço.
Para o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, as atenções nos próximos meses estarão voltadas ao setor de construção chinês, que não deu sinais concretos de recuperação quando consideradas as estatísticas de novas obras iniciadas ou vendas dos projetos concluídos.
“De todo modo, analistas e investidores parecem estar aumentando gradativamente as projeções do minério de ferro para o ano”, observa. A percepção é que, no início do ano, a estimativa média do mercado era em torno de US$ 100 por tonelada, mas acabou migrando para um valor mais próximo ao intervalo de US$ 120 a US$ 130 por tonelada.
No Julius Baer, o preço médio estimado é de US$ 100 por tonelada no longo prazo. Conforme Menke, desde que caíram abaixo dessa marca no fim do ano passado, refletindo os problemas de insolvência de grandes incorporadoras chinesas e os receios de uma crise em massa no setor, as cotações tiveram forte recuperação.
“Isso desapareceu e o mercado parece estar se concentrando nos estímulos renovados na China, bem como nas implicações da guerra na Ucrânia nos mercados de minério de ferro e aço, alimentando o sentimento de alta ultimamente”, acrescenta. O fato de haver capacidade de produção sobressalente tanto da matéria-prima quanto de aço bruto no mundo, contudo, deve limitar o fôlego.
Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados de minério, para setembro, tiveram ontem valorização de 3,3%, subindo para 897 yuan (US$ 141,48) por tonelada.
Fonte: Valor
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