Notícias

Quer comprar produtos diretamente da China?

Publicada em 2010-12-05



Importações aumentam com prejuízos à indústria

 

Quer comprar produtos diretamente da China? Essa oferta é despachada, diariamente, por e-mail, para milhares de brasileiros. E tudo sem qualquer burocracia. Ao mesmo tempo, operação conjunta da Polícia Federal (PF), da Receita Federal e do Ministério Público Federal foi deflagrada para desmantelar uma rede de empresas suspeitas de fraude na importação de produtos da China, pelo porto do Rio de Janeiro. Há prática de crimes como contrabando, descaminho, falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Em São Paulo, o gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, avalia que o ingresso volumoso de produtos industrializados importados deve crescer em 2011, em função da grande oferta de manufaturados no mundo e da expectativa de que a taxa de câmbio permaneça valorizada. Dos empresários que informaram que vão comprar máquinas em 2011, 67,6% afirmaram que vão adquirir ao menos um equipamento no exterior. Desse universo de companhias, 40,6% acreditam que vão elevar suas compras internacionais em relação a 2010. É preocupante o ingresso vigoroso de produtos acabados e de máquinas e equipamentos no País, pois isso prejudicaria as empresas nacionais e colaboraria no processo, mesmo que incipiente, de desindustrialização. A tendência que era verificada desde algum tempo, agora está confirmada: o Brasil está importando muito mais do que exporta. E o pior dessa combinação fatal é que estamos enviando para o exterior commodities e trazendo produtos industrializados, com alto valor agregado. Está ocorrendo uma volta ao passado, quando vendíamos café, minério de ferro e produtos agrícolas sem qualquer beneficiamento. Dessa forma, não surpreende saber que pela primeira vez o número de empresas importadoras brasileiras será mais que o dobro do total de companhias exportadoras. No ano passado, o número de empresas importadoras caiu porque o consumo foi afetado pela crise. Mercado interno aquecido e câmbio favorável às importações explicam o ritmo frenético de ingresso de novas importadoras no mercado.

 

Mesmo que técnicos do governo afirmem que esse é o resultado natural de processo de internacionalização da economia, é um problema que poderá nos custar caro logo adiante. Muitas empresas, como supermercados, que importavam por meio de tradings, hoje compram no estrangeiro por conta própria. O número de importadoras neste ano será recorde. O pico anterior foi atingido em 1997. Naquele ano, o dólar estava abaixo de R$ 1,00 e o consumo doméstico aquecido. Como o Rio Grande do Sul é um estado exportador, o problema nos atinge em cheio. A equipe econômica atual, em que Guido Mantega será mantido, dando continuidade às políticas adotadas até agora, deve adotar fortes medidas para reequilibrar as importações com as exportações. O câmbio é o principal fator que desequilibra. É imperioso um novo modelo para que em 2011 o Brasil não tenha um déficit nas contas externas ainda maior do que terá em 2010. Mas vender mais e comprar ou gastar menos no estrangeiro é o ideal, pois hoje até a conta turismo nos traz pesado déficit.

 


Fonte: Jornal do Comércio