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Crise imobiliária na China faz a demanda por minério de ferro despencar e atinge em cheio a Vale, uma das maiores empresas do Brasil e do mundo
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A crise imobiliária na China, marcada pela queda nas construções e o colapso de grandes incorporadoras, reduziu drasticamente o consumo de minério de ferro e atingiu em cheio a Vale, que depende do mercado chinês para mais de metade de suas exportações.
A desaceleração do setor imobiliário chinês provocou uma das maiores quedas na demanda global por minério de ferro dos últimos anos, afetando diretamente os resultados da Vale, uma das maiores mineradoras do mundo. Com o fim do “boom” das construções e a crise de gigantes como a Evergrande, o preço da tonelada do minério recuou para abaixo de US$ 100, encerrando um ciclo de alta que sustentou parte da economia brasileira na última década.
A China, que chegou a consumir cerca de 70% do minério exportado pela Vale, enfrenta uma crise estrutural após a imposição das chamadas “três linhas vermelhas”, que limitaram o endividamento das construtoras e expuseram dívidas superiores a US$ 300 bilhões. O resultado é uma cadeia de impacto que atinge construtoras, siderúrgicas e exportadores, incluindo a principal mineradora brasileira.
O colapso do mercado imobiliário chinês
A crise imobiliária na China começou a se intensificar em 2021, quando o governo passou a impor restrições severas de crédito para conter a expansão desenfreada das incorporadoras.
Empresas como Evergrande, Country Garden e Sunac haviam acumulado dívidas bilionárias com base em pré-vendas e financiamentos de curto prazo.
Em janeiro de 2024, a liquidação judicial da Evergrande marcou um ponto de inflexão. As vendas de imóveis caíram para o menor nível em 18 anos, e o número de novos empreendimentos despencou 58% em relação a 2019.
O setor, que representava cerca de 25% do PIB chinês, entrou em colapso, levando junto a demanda por aço e, consequentemente, por minério de ferro.
Queda na produção de aço e impacto direto sobre o minério de ferro
A redução no ritmo de construções teve reflexo imediato sobre a siderurgia chinesa.
A produção de aço bruto caiu para 1,005 bilhão de toneladas em 2024, o menor patamar em cinco anos.
Como o minério de ferro é o principal insumo da indústria do aço, a demanda recuou e pressionou o preço internacional.
O minério, que chegou a superar US$ 150 por tonelada em 2021, passou a oscilar abaixo de US$ 100 em 2024, refletindo o excesso de oferta e a desaceleração do consumo industrial.
Para a Vale, isso representou uma redução de 22% no EBITDA proforma, que caiu para cerca de US$ 15,4 bilhões, segundo balanços recentes.
Especialistas apontam que o ciclo de superdemanda impulsionado pela urbanização chinesa chegou ao fim, e que o país agora tenta reequilibrar sua economia, focando em setores de tecnologia e energia limpa menos intensivos em aço e minério.
Vale e o desafio de se adaptar ao novo ciclo econômico
A Vale é uma das empresas mais expostas à crise chinesa, já que mais de 50% de suas exportações têm como destino o país asiático.
Com o enfraquecimento do mercado imobiliário e o aumento dos estoques nas siderúrgicas, a mineradora brasileira enfrenta pressões sobre margens, preço médio e volume de vendas.
O cenário também afetou a performance das ações da empresa.
Os papéis VALE3 acumulam quedas expressivas desde o início de 2024, acompanhando o recuo das commodities metálicas.
A companhia tenta reagir com medidas de diversificação, apostando em minérios críticos para a transição energética, como o níquel e o cobre, além de reforçar suas metas de sustentabilidade e governança (ESG).
Mesmo assim, analistas avaliam que a dependência estrutural do mercado chinês continua sendo o principal risco de longo prazo.
Sem uma recuperação sólida da construção civil na China, a demanda por minério de ferro deve permanecer contida nos próximos anos.
Um novo equilíbrio global no mercado de commodities
A crise na China representa mais do que um problema pontual trata-se de uma mudança estrutural no ciclo global das commodities.
A era de grandes obras e urbanização acelerada, que sustentou o crescimento do minério e do aço por duas décadas, dá lugar a uma fase de ajustes e menor ritmo de expansão.
Enquanto isso, novos polos consumidores começam a surgir, especialmente na Índia e no Sudeste Asiático, mas ainda não em escala suficiente para substituir o papel da China.
A transição, portanto, será lenta e exigirá das mineradoras estratégias de inovação e diversificação.
Fonte: CPG
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