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Vale posterga alta do minério para o setor de gusa do norte do País

Publicada em 2011-01-25



A Vale postergou o reajuste de minério de ferro do primeiro trimestre para as produtoras de ferrogusa do Pará e do Maranhão, segundo fonte do setor. Conforme a fonte, a Vale vai aplicar aumento de 8% nos preços contratuais do minério em fevereiro e março. A data oficial para o reajuste da matéria-prima nos contratos para o primeiro trimestre era 1º de janeiro. Procurada pela Agência Estado, a Vale informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto.

De acordo com a fonte, a decisão da Vale de adiar a aplicação do aumento resulta do "consumo baixo" de minério pelos produtores de gusa do Pará e Maranhão. Praticamente toda a produção de gusa da região é direcionada à exportação, mas apenas cerca de 30% da capacidade instalada total de cinco milhões de toneladas das usinas está sendo utilizada no momento. "Em 2010, a produção somou 1,665 milhão de toneladas, abaixo do volume de pouco mais de dois milhões de toneladas em 2009", diz a fonte.

As atividades de parte dos altos-fornos de gusa cujas operações foram suspensas devido aos efeitos da crise financeira internacional ainda não foram retomadas. Segundo a fonte, uma das principais razões da elevada capacidade ociosa da produção de gusa no Norte é que o real valorizado dificulta as exportações. No ano passado, as compras globais de gusa dos Estados Unidos, principal cliente das usinas do Maranhão e do Pará, mais que dobraram, mas as vendas da região para os norte-americanos foram reduzidas.

Mais de 75% da exportação de gusa do Norte é direcionada para os Estados Unidos e o restante é destinado à Ásia. "Nossas vendas para a Ásia ocorrem quando russos e ucranianos não têm disponibilidade de atender à região", diz a fonte. Além do câmbio, ressalta a fonte, os embarques são afetados pelo fato de que a demanda internacional pelo insumo não retornou ainda aos volumes pré-crise.

Em Minas Gerais, o mercado interno respondeu por 90% das vendas no ano passado, enquanto as exportações ficaram com os 10% restantes. Antes da crise, cada um desses mercados detinha fatia de 50%, segundo o Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), mas a parcela de embarques foi reduzida devido ao real valorizado.

Minas é o principal produtor de gusa do País, com cerca de 60% do total. "Em função de alguns pedidos feitos no mercado externo, estamos vislumbrando melhora, mas ainda não sabemos se o movimento é pontual ou uma tendência", diz o presidente do Sindifer, Fausto Varela.

Segundo Varela, como as margens do setor de gusa ainda estão baixas, o Sindifer pretende se reunir com a Vale na próxima semana, para tentar negociar o aumento informado pela mineradora aos produtores de Minas Gerais de cerca de 8,3% para os preços contratuais do minério para o primeiro trimestre. "Vamos ver se é possível postergar a data para o reajuste entrar em vigor ou reduzir o índice", afirma o presidente do Sindifer.


Fonte: Agencia Estado