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Parque guseiro de Sete Lagoas opera com ociosidade.

Publicada em 2011-03-17



Embora as encomendas feitas ao parque guseiro de Sete Lagoas, na região Central, estejam começando a registrar recuperação depois de um grande período negativo que começou com a crise financeira de 2008, a maior parte das empresas instaladas no polo ainda enfrenta um cenário de estagnação.

Segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas, dos 39 alto-fornos existentes no município, apenas 18 estão funcionando: ou seja, 46,15% do total. De acordo com a entidade, sete empresas permanecem fechadas desde 2009.

De acordo com o proprietário da Siderurgia Paulino Ltda (Siderpa), Afonso Henrique de Paiva Paulino, há mais de um ano a empresa opera com apenas 40% da capacidade instalada. Ele acredita que uma melhora ainda está longe de ser consolidada. "A Siderpa opera apenas com um forno ativado. O outro, que tem maior capacidade produtiva, continua parado desde o início de 2009", afirmou.

Segundo ele, os preços do gusa não estão ruins no mercado interno. No entanto, as exportações - que antes da crise eram o carro-chefe das fabricantes mineiras - ainda não foram retomadas, em função das desvantagens competitivas causadas pela desvalorização do dólar ante o real.

"O mercado interno é bom, mas há muita oferta. Mas as exportações, que já chegaram a 60% da produção, hoje não passam de 10% a 15%", disse. A Siderpa produz gusa especial, voltado para o setor automotivo e bens de capital. O preço da tonelada do produto hoje para exportação está próximo de U$ 650.

O mesmo ocorre na Siderúrgica Noroeste Ltda. De acordo com o responsável pelo Departamento Jurídico da empresa, Nilo Souto de Melo, há comprador para o produto no mercado externo, no entanto, a empresa não consegue fechar os contratos por não poder acompanhar os preços oferecidos por concorrentes estrangeiros.

"O dólar não evoluindo faz com que nós sejamos prejudicados externamente, mesmo com o gusa para a aciaria - produto ofertado pela Noroeste - tendo subido de preço no mercado externo", afirmou. O valor da tonelada do produto, que já esteve abaixo dos US$ 300, está próximo de US$ 400.

Além disso, ele também destacou que, mesmo com o reaquecimento da produção siderúrgica no Brasil, o mercado interno não consegue absorver toda a oferta disponível de gusa.

"A capacidade do mercado nacional é limitada", observou Melo.

Empregos - Antes da crise, a Siderpa contava com 415 funcionários. Quase 50% deles, de acordo com Paulino, foram demitidos quando a empresa paralisou as atividades.

"Hoje, estamos com 250 empregados, contando com os trabalhadores que cuidam da parte de reflorestamento ambiental, já que possuímos uma produção de carvão vegetal que ajuda a reduzir os custos da produção do gusa", ressaltou.

Sete Lagoas registrou um saldo positivo de 129 empregos formais, sendo 1,961 mil admissões e 1,832 mil demissões em janeiro. Na comparação com o superávit de idêntico período do ano passado (284 vagas), entretanto, houve recuo de 54,6%. A indústria de transformação do município fechou o primeiro mês de 2011 com resultado positivo de 147 postos de trabalho.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias, informou que embora algumas empresas estejam ameaçando voltar às atividades, não há otimismo por parte dos trabalhadores em relação ao setor guseiro.

"O saldo positivo de empregos está relacionado ao fato de muita gente ter migrado para outros setores, principalmente para a construção civil, que está muito aquecido na cidade. Já para o gusa, a gente ainda não vê boas perspectivas", afirmou.


Fonte: Diário do Comércio