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Setor metalúrgico comemora fim da recessão

Publicada em 2009-09-30



Passou o momento crítico e a hora é de crescimento para as indústrias metal-mecânicas e de materiais elétricos na cidade. O setor representa o segundo maior potencial econômico do município com 334 empresas e cerca de cinco mil empregos diretos. Tanto o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, José Élvio Atzler de Lima, quanto o presidente do Sindicato das Indústrias Metal Mecânicas e de Materiais Elétricos, Juarez Piva, vêem um cenário cheio de sinais promissores. São indicadores positivos nas empresas da região que refletem na recuperação das vagas de trabalho.

Qualificação
Embora ainda não existam levantamentos oficiais, já é possível identificar a retomada do modelo de atuação empreendedora que vem garantindo o crescimento da categoria, conforme o presidente Elvio de Lima. “Desde o começo afirmávamos que nossa região, em função de seu perfil diversificado, sofreria de forma mais amena com a crise. Felizmente acertamos em nosso diagnóstico e as projeções alarmistas não se comprovaram”, avalia. Entre os motivos que justificam a análise favorável destacam-se dois: a variação praticamente nula no índice de demissões no comparativo entre o primeiro semestre de 2008 com o deste ano e a abertura de novas oportunidades de emprego.

Até o fim do ano
Juarez Piva demonstra confiança apesar dos indicadores ainda não serem os mais consistentes. “Precisamos avaliar o conjunto. Tivemos dois meses, a partir de junho, em que as vendas pararam de cair e depois houve movimento positivo, então acreditamos que o movimento agora deve ser bom até o final do ano”. Piva lembra que inicialmente as empresas estão ocupando sua ociosidade para só depois pensarem em ampliação física ou novas contratações. Ele aponta – como tem sido recorrente entre os empresários - ações do Governo Federal como decisivas para o encurtamento do período recessivo. “Há uma linha de crédito do Finame com juros abaixo dos de marcado destinados à aquisição de máquinas, então, a nosa indústria é beneficiada nas duas pontas, para comprar equipamentos, mas, sobrtetudo como fornecedora de máquinas. Temos empresas filiadas que já estão com a carteira de pedidos preenchida até o final do ano. Hoje, são os clientes que vêm comprar, a empresa não precisa sair em busca do cliente", ressalta Piva.
Élvio de Lima comemora o fato dos trabalhadores poderem voltar a respirar aliviados quanto à manutenção de suas vagas e ressalta que permanece o desafio da qualificação. “Existe uma carência na nossa cidade e região por profissionais bem preparados, com gabarito técnico. É importante as pessoas perceberem que uma carreira de sucesso exige, obrigatoriamente, aperfeiçoamento e boa formação”, enfatiza.
Para suprir essa lacuna, o Stimmme vem atuando em duas frentes de ação. Uma delas é o oferecimento de cursos gratuitos para os profissionais do setor. Nos últimos meses, o Sindicato formou duas turmas de alunos especializados em Metrologia. Outros módulos devem ser ministrados no decorrer do ano, visando a atender às necessidades da cadeia produtiva.

Outra proposta é a criação de uma escola profissionalizante em Bento Gonçalves. Para viabilizar sua implantação, a entidade tem buscado referências em projetos considerados modelo no setor. A meta é iniciar os trabalhos já em 2010. “Queremos trazer para nossa região uma iniciativa que beneficia não só os trabalhadores, mas contribui para o fortalecimento e qualificação de todo setor. Estamos alinhavando parcerias para tornar a escola profissionalizante uma realidade”, adianta Elvio de Lima.

Justamente a qualificação exigida pelo setor é apontada também por Piva como determinante para que as empresas não tenham cortado mais fundo o número de empregos durante o auge da crise no primeiro semestre. “Temos mão de obra qualificada, não se pode descartá-la assim. Estamos automatizando as empresas, mas não podemos prescindir do ser humano. Nosso setor de engenhariam por exemplo, é vital”. Piva destaca ainda como vantagem para a recuperação mais rápida do setor o fato das indústrias terem alta diversificação. “Temos 82% de pequenas empresas que, além de produtos, possuem mercados diversificados, seja no Brasil ou no mundo”, destaca.

Inflação
Dentro deste cenário positivo, Piva faz uma advertência apenas: “A retomada virá com um `soluço` inflacionário. O inox e o ferro gusa já tiveram aumento de 20%, no aço plano o reajuste foi de 13%, o plástico e o papelão também vão subir”, lamenta o dirigente.


Fonte: www.gazeta-rs.com.br - 28/09/09