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Por que o mundo tem um excesso de produção de aço?

Publicada em 2016-05-16



De 2000 a 2014, a produção global de aço aumentou de cerca de 800 milhões de toneladas para aproximadamente 1,6 bilhão de toneladas por ano, estimulada em especial pelo crescimento da produção na China.

Os dois altos-fornos da usina siderúrgica em Port Talbot, a maior usina do Reino Unido de propriedade da empresa indiana Tata Steel, ainda estavam em pleno funcionamento esta semana produzindo uma enorme quantidade de ferro fundido. Mas a produção de aço a partir do minério de ferro em Port Talbot pode em breve terminar. No final de março, a Tata Steel disse que estava perdendo mais de £1 milhão (US$1,45 milhão) por dia em razão do preço reduzido do aço no mercado mundial e que planejava vender ou fechar a usina, uma vez que não podia mais arcar com os prejuízos. Os possíveis interessados em comprá-la tinham um prazo de até 3 de maio para confirmar sua intenção de compra.

A indústria siderúrgica no Reino Unido não é a única que está sentindo os efeitos dos preços baixos do aço. A Bélgica e a Itália estão mantendo as siderúrgicas do país em funcionamento com dinheiro público. Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram um contínuo fluxo de desemprego no setor.

De 2000 a 2014, a produção global de aço aumentou de cerca de 800 milhões de toneladas para aproximadamente 1,6 bilhão de toneladas por ano, estimulada em especial pelo crescimento da produção na China. Muitos economistas alegam que os subsídios governamentais são responsáveis pelo excesso de capacidade de produção por um tempo tão longo. O grande volume das exportações de aço da China forçou os produtores com um alto custo de fabricação a diminuir o ritmo de suas atividades, até alcançar um ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda.

Mas como a produção de aço muitas vezes exerce um papel estratégico na criação de uma grande quantidade de empregos em áreas onde existem poucos empregadores, os governos tentam mantê-la por meio de subsídios ou nacionalização. O excesso de produção de aço na China por um período tão longo deve-se à política de incentivo dos membros regionais do Partido Comunista, que controlam as usinas siderúrgicas locais, e preferem subsidiá-las para mantê-las em funcionamento do que arriscar o desemprego e a instabilidade social em consequência da interrupção de suas atividades. A Itália gastou €2 bilhões para ajudar a siderúrgica Ilva em Taranto. E mesmo no Reino Unido onde não há estímulo à nacionalização de empresas, o governo conservador do primeiro-ministro David Cameron manifestou interesse em ter uma participação de 25% na siderúrgica em Port Talbot.

Com o aumento dos preços do aço nos Estados Unidos e na Europa a partir de janeiro, é possível que usinas como a de Port Talbot possam em breve atingir um ponto de equilíbrio sem a ajuda do governo. Porém muitos analistas do mercado de commodities e metais preveem que o aumento dos preços encorajará as usinas siderúrgicas chinesas a expandir de novo a produção, o que provocará um excesso de capacidade e uma redução dos preços no final deste ano. Em abril, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reuniu um grupo de ministros na Bélgica, com o objetivo de discutir medidas para lidar com a crise. Mas enquanto os países continuarem a dar subsídios às usinas siderúrgicas, ou a impor tarifas para aumentar artificialmente os preços, a eliminação do excesso da produção de aço será um processo lento.


Fonte: Opinião & Notícia