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Brasil - Autopeças veem receita despencar
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O diretor do sindicato que representa a indústria de autopeças (Sindipeças), Flávio Del Soldato, não consegue encontrar uma boa resposta toda a vez que a esposa sai na varanda do apartamento em São Paulo e, atônita com a quantidade de veículos na rua, pergunta: “até quando vocês vão produzir tantos carros?”
Del Soldato não tem argumentos para responder porque no fundo ele torce para que as vendas de veículos aumentem. Quando o InovarAuto, que atraiu investimentos da indústria automotiva em troca de incentivos fiscais, foi criado, em 2012, o Brasil estava próximo de uma produção anual de 3,5 milhões. Calculavase que ao final da primeira fase do programa, em 2017, chegaria perto dos 5 milhões. As previsões mais otimistas para 2016 indicam a produção de 2,3 milhões.
Em apenas dois anos, o faturamento da indústria de autopeças no Brasil caiu à metade. Foram US$ 34 bilhões de receita em 2014. Para este ano, porém, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos calcula que não irá além de US$ 17,3 bilhões.
“O faturamento permite constatar a aberração que nos aconteceu nos últimos anos”, diz Del Soldato. O dirigente do Sindipeças diz que no caso das autopeças o quadro agravase em razão da chegada de fábricas de novas marcas de carros de luxo, como MercedesBenz e BMW.
“Em muitos casos não conseguimos escala porque os níveis de produção ainda são baixos e voltados a modelos sofisticados totalmente novos”, afirma. Os fornecedores brasileiros, diz, têm dificuldades para produzir localmente a grande variedade de conjuntos necessários hoje no país.
A falta de rentabilidade também desestimula investimentos, em queda desde 2014. Naquele ano o setor investiu 47% menos do que em 2013, num total de US$ 1,022 bilhão. O total de recursos caiu 45,9% em 2015 e para este ano está previsto volume ainda mais baixo: US$ 414 milhões. Isso representa quase seis vezes menos do que foi investido em 2011.
O setor começa a discutir agora um novo InovarAuto. Mas, segundo Del Soldato, os fabricantes de autopeças não querem ficar fora dos avanços tecnológicos. “Não queremos mais fazer peça de Kombi”, afirma, em referência ao antigo modelo da Volkswagen que permaneceu 56 anos em produção. O Sindipeças também já pediu ao governo para que o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) seja mais flexível e possa ser renovado quantas vezes for necessário.
Além do PPE, as montadoras levaram ao governo outras questões com vistas à reativação da demanda. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, o ritmo das linhas de carros voltará à normalidade se o Brasil fechar mais acordos de bilaterais para exportação e se, finalmente, for aprovado um programa de inspeção veicular, que ele chama de “sustentabilidade veicular”. No caso dos caminhões, a Anfavea pede regras mais claras para programas de financiamento como Finame.
A esperança dos executivos é que o governo atenda, mesmo que parcialmente, suas reivindicações. Já para a esposa de Del Soldato, só resta se conformar. Mesmo que nada saia do papel e a venda de carros não aumente, eles também não vão sumir das ruas. (Valor Econômico/Marli Olmos)
Fonte: Valor Econômico
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