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Competitividade anulada

Publicada em 2016-08-01



No ano passado, o câmbio ajudou e a indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou ganhos de competitividade. Mas as consequências da valorização do real observada neste ano já anularam todas as conquistas, segundo avaliação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ).

De acordo com a entidade, o ganho, que começou a ser obtido em agosto do ano passado, passou a se perder em janeiro deste ano. “As exportações começam a perder fôlego e as importações começam a ganhar fôlego”, afirmou o diretor de competitividade da entidade, Mário Bernardini. Para a ABIMAQ, “o curto período de desvalorização frente ao dólar” trouxe relativo ganho de competitividade, mas não viabilizou reposição de margens perdidas durante a crise.

As importações de máquinas e equipamentos tiveram queda de 18,8% no semestre, para US$ 8,398 bilhões. Em junho, entretanto, elas somaram US$ 2,320 bilhões, alta de 93,5%em relação a maio e de 44,1% na comparação com junho do ano passado. 

As exportações, por outro lado, tiveram queda de 1,1% no primeiro semestre, para US$ 3,991 bilhões. Em junho, os embarques alcançaram US$ 695 milhões, estável em relação a maio, mas 2,3% maior do que o valor registrado na variação interanual.

Segundo Bernardini, mesmo que o real ainda esteja mais depreciado do que há dois anos, isto representa pouco para a indústria de máquinas e equipamentos porque as fabricantes brasileiras não competem com as empresas norte-americanas. “Nós competimos com as empresas da Europa e do extremo Oriente, e em relação a essas moedas (dessas regiões) nós não ganhamos nada”, disse o diretor da ABIMAQ. 

De acordo com ele, as importações apresentavam curva decrescente até maio. “Claro que o resultado de um mês não me autoriza a dizer, mas é preocupante”, afirmou Bernardini.

A ABIMAQ aposta que o faturamento do setor voltará a crescer no último trimestre deste ano, afirmou Bernardini. Mesmo assim, a queda da receita de 2016 em relação ao nível de 2015 deverá ser superior a 15%. Seria a quarta queda anual seguida do setor, que é afetado principalmente pelo recuo dos investimentos no país.

CURVA ESTÁVEL 

A expectativa de melhora no fim do ano é sustentada por uma aparente estabilização das vendas desde março. Para a entidade, há uma tendência à estabilidade do indicador setorial, mesmo que em nível ainda baixo. “Parou de cair”, disse Bernardini, acrescentando que a curva do faturamento em 2016 tem se assemelhado aos anos de 2009, 2011 e 2015. “Mas entre dizer que parou de cair e que a retomada começa, há uma longa distância”, ponderou o diretor da ABIMAQ.

Para Bernardini, a saída para o crescimento, não só para o setor mas também para a economia brasileira como um todo, é apostar nas exportações e nas concessões públicas. “O
Brasil precisa (de infraestrutura) e tem dinheiro no mundo. É só dar condições para que saia. Isso cria emprego e demanda e o trem começa a andar, a arrecadação sobe e o ajuste fiscal se faz automaticamente”, disse.

Segundo balanço da ABIMAQ, o faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos somou R$ 33,060 bilhões no primeiro semestre, queda de 29,3%emr elação à primeira metade do ano passado. Só em junho, o setor faturou R$ 5,867 bilhões, alta de 4,2% ante maio, mas recuo de 23,7% na comparação com junho de 2015. 


Fonte: Estado de Minas