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Mineradoras poderiam ter rejeito zero com novas tecnologias
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O reaproveitamento de rejeitos pelas mineradoras juntamente com a processos industriais mais eficientes poderiam levar a uma situação de rejeito-zero, informa Verônica Soares no blog de divulgação científica da Fapemig. O desastre provocado pelo rompimento das barragens da Samarco em Mariana tem levado à busca de soluções alternativas para evitar a construção de barragens como forma de armazenamento dos rejeitos. O Grupo de Pesquisa em Resíduos Sólidos RECICLOS, coordenado pelo professor Ricardo Fiorotti propõe um processo de separação dos resíduos com reaproveitamento do minério existente nos rejeitos e utilização do material restante na construção civil.
Segundo Fiorotti a ideia é separar os materiais com diferentes densidades com ar aquecido. A diferença de pressão e temperatura, levaria os materiais mais leves para as camadas superiores dos dispositivos de separação enquanto os mais pesados cairiam nas camadas inferiores.
Os materiais mais pesados são aqueles ricos em óxido de ferro e que podem ser reutilizados pela mineração como matéria-prima. Os mais leves, como areia e argila, podem servir à construção civil”, explica ele.
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS EXISTEM HÁ MUITO TEMPO
Embora as técnicas propostas pelo grupo de Fioroti ainda estejam em processo de registro de propriedade intelectual e são fruto de pesquisas realizadas ao longo dos últimos quatro anos, não são as únicas existentes como alternativa às barragens de rejeitos.
A empresa Bacia Viva vem aproveitando resíduos há várias décadas e a mineradora Mineirita chegou a ganhar um prêmio da Rede Globo pela excelência do seu projeto, que em 2007, mudou o tratamento do minério passando a produzir uma lama de finos de rejeito rica em sílica. Essa lama, tratada, resultou em um material de alta qualidade para a fabricação de blocos vazados e não vazados, pisos indicados para suportar trânsito leve, médio e pesado, meio fios e mourões para cerca.
A empresa Green Metals tem um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento localizado em Nova Lima, no bairro Jardim Canadá, que é voltado exclusivamente para o reaproveitamento de resíduos e usa tecnologias de processamento de rejeitos e concentração magnética a seco, que resultam em materiais metálicos e matéria prima para a construção.
A New Steel é outra empresa que além de economizar água – as barragens convencionais utilizam pelo menos mil litros de água para separação de cada tonelada de minério – produz “um produto economicamente viável, com altos índices de ferro e baixos contaminantes”, segundo o site da empresa.
O processo funciona por meio da separação magnética a seco e é denominado de Fines Dry Magnetic Separation (FDMS), já é patenteado no Brasil e está em processo de exportação para vários outros países.
“Pensando no desastre ocorrido recentemente, com a falência da barragem de rejeitos da Samarco, bem como o equilíbrio instável de tantas outras estruturas, cheguei à conclusão de que uma planta piloto custaria menos que um dia de faturamento de uma unidade mineradora, por exemplo. E não ouso me referir ao valor das residências, vidas e memórias destruídas com o acidente”, explica o professor Ricardo Fiorotti. No entanto, ele mesmo diz que as empresas têm grande resistência em adotar os novos processos.
“Estamos a serviço da sociedade para contribuir com o desenvolvimento tecnológico de nosso parque industrial. Outras patentes desenvolvidas e sob a custódia da UFOP também estão disponíveis não só para mineração, mas também para a siderurgia ou qualquer outro grande gerador de resíduos sólidos industriais”, conclui ele, lamentando o distanciamento que ainda existe entre a universidade e a indústria. para quem o maior desafio é o convencimento do potencial dessa alternativa no mercado.
Recentemente, o grupo passou a investir na construção de habitações de interesse social em um campo experimental da UFOP. As casas serão construídas com rejeitos industriais, em substituição à areia e à brita, convencionalmente utilizados na construção civil. “Nossa intenção é substituir os agregados naturais por agregados tecnológicos obtidos pelo pós-processamento de rejeitos industriais. A lama de rejeito de barragens de minério de ferro é uma potencial alternativa, ja caracterizada e apta para o processo”.
As novas tecnologias de aproveitamento de rejeitos poderiam até mesmo fornecer material para recuperação das áreas devastadas pelo rompimento das barragenspara a construção civil e para a recuperação urbana e rodoviária:
“Não há como reparar o dano que presenciamos, mas podemos contribuir para que as vítimas desse desastre possam ter uma vida digna daqui pra frente”, afirma ele.
Fonte: mining.com
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