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Autopeças brasileiras perdem capacidade de exportar
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A indústria brasileira de autopeças vive um momento paradoxal: ao mesmo tempo em que a desvalorização cambial do real ocorrida nos últimos dois anos aumentou a competitividade internacional dos produtos made in Brazil e assim reabriu a janela de oportunidade das exportações, a maioria das empresas do setor perdeu capacidade de exportar. Com a profunda queda do mercado nacional, muitas fabricantes fecharam ou enfrentam graves problemas financeiros, assim não tiveram recursos para investir em produtos exportáveis nem têm as certificações necessárias para isso.
“Alguns clientes mais que dobraram as exportações no ano passado, mas caiu o número daqueles que têm condições para isso. Já atendemos 12 fabricantes de autopeças, hoje são quatro”, atesta Camilla França, sócia-diretora da BFX Brazil, empresa que fundou em 2010 especializada em fornecer consultoria, negociação e representação de comércio exterior (trading) para fornecedores de componentes automotivos. Segundo ela, as vendas externas das empresas que representa estão concentradas 100% no mercado de reposição de países da América do Sul. “Para empresas menores é muito difícil expandir esse horizonte, pois a maioria não tem produtos, certificações (de qualidade) e nem conseguem atender prazos”, afirma.
Levantamento do Sindipeças, que reúne pouco mais de 400 empresas, sobre o movimento de comércio exterior de autopeças é revelador quanto à situação de fadiga do setor no Brasil. Mesmo depois de o real acumular desvalorização diante do dólar superior a 40% desde 2014, as exportações de componentes vêm caindo ano a ano, à razão de US$ 1 bilhão por ano. Em 2016, as vendas externas de peças somaram US$ 6,5 bilhões, em queda de 13,6% sobre 2015, depois do declínio de 9,4% um ano antes e retração de 15,4% em 2014 ante 2013. A produção nacional de veículos também apresentou quedas sucessivas nos últimos quatro anos, mas nem por isso a balança comercial setorial deixou de apresentar pesados déficits. Em 2016 as importações de peças superaram as exportações em US$ 5,2 bilhões. Os números revelam, portanto, que os problemas das fabricantes nacionais de autopeças para exportar vão muito além da taxa de câmbio.
Se não é tudo, também é verdade que o câmbio tem grande influência sobre os negócios no exterior. A recente onda de valorização do real já começa a fazer efeito negativo para os clientes da BFX. “É muito difícil fazer qualquer tipo de reajuste de preços”, destaca Camilla. “Existe incentivo para exportar no momento, a taxa em torno de R$ 3 por dólar é melhor do que alguns anos atrás, mas apenas iguala o produto brasileiro ao chinês. Seria ideal (a taxa) mais próxima de R$ 4”, avalia.
MERCADO PROMISSOR
Apesar das dificuldades, a expectativa é de que as exportações brasileiras de autopeças voltem a crescer pela primeira vez em cinco anos. O Sindipeças projeta expansão de 6% nas vendas externas do setor este ano em comparação com 2016, estimando faturamento de quase US$ 7 bilhões. Basicamente, quem conseguiu sobreviver poderá fechar mais negócios no exterior em 2017.
Na BFX, a agenda já fechada até o meio deste ano está cheia, com visitas a nove países da América do Sul, para prospectar potenciais compradores de autopeças brasileiras. A trading também vai representar clientes na próxima Automec de São Paulo, em abril, e na feira de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em maio. “O cenário é de fechamento de empresas no Brasil e aumento da demanda externa (de componentes)”, confirma Camilla.
Para viabilizar as exportações dos clientes fabricantes de autopeças, a BFX precisa vender o pacote completo de assessoria em comércio exterior. “O trabalho começa com um diagnóstico sobre a empresa, para saber o que é necessário fazer para exportar. Só depois disso podemos começar a representar o cliente e negociar seus produtos no exterior”, explica.
Fonte: Automotive Business
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