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PREÇO DO CARVÃO SOBE E PODE IMPACTAR SIDERURGIA NO BRASIL

Publicada em 2017-04-12



Mal repassaram custos de matéria-prima para os preços do aço e sentiram o alívio do recuo no preço das commodities no mercado internacional, as siderúrgicas brasileiras podem ser alvo de pressão mais uma vez no resultado do segundo trimestre. Se o minério de ferro encontra-se em baixa atualmente, todavia a cotação do carvão começou a disparar nos últimos dias, por temores quanto de problemas no fornecimento australiano.No fim de março, o ciclone Debbie atingiu a região de Queensland, no nordeste da Austrália, e colocou sob risco a estrutura logística de exportação do carvão metalúrgico. Assim como o minério, o carvão é usado na fabricação do aço. Com essa questão climática, só na semana passada os preços avançaram 86%, para US$ 283 a tonelada, e agora se aproximam dos US$ 290. 
 

 Cálculos iniciais do mercado davam conta de um recuo em até 13% nos embarques do produto australiano entre abril e junho. Os portos, as minas e as unidades de processamento já estão reabrindo, mas a rede ferroviária provavelmente ficará desligada durante mais cinco semanas para reparos. Ou seja, em praticamente metade do trimestre. 
 

 A casa de análise australiana ANZ Research pondera que parte da oferta pode ser mantida com os estoques atuais. Mesmo assim, a ruptura de fornecimento já provocou elevação nos preços. Além disso, após a malha voltar a funcionar, o país também precisará recompor estoques, o que pode sustentar uma cotação mais alta por mais tempo.Segundo a CreditSights, especialista em dívida corporativa, até as negociações entre produtoras e compradores para formar preços trimestrais foram paralisadas por conta do ciclone. As conversas devem ser retomadas na semana que vem. 
 

 Como o "fator Debbie" já está na mesa, é possível que o preço fique acima do que se esperava.Em contato com agentes do mercado, a CreditSights chegou à conclusão de que o preço final não ficará acima dos US$ 285 acertados para o primeiro trimestre, mas também não há espaço para cair a menos de US$ 200. Assim, os contratos devem ficar próximos a US$ 240.Esse carvão fornecido por contrato pode ser a salvação das siderúrgicas brasileiras. Mais especificamente da Usiminas. As fabricantes locais importam o carvão que utilizam em suas operações, mas a empresa mineira tem de 65% a 70% do fornecimento baseado em contratos periódicos. 
 

 A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por sua vez, adquire basicamente todo o volume necessário no mercado à vista.Se forem considerados os preços à vista atuais, próximos a US$ 290, e a previsão da CreditSights para contratos trimestrais, o custo da Usiminas cairia e a da CSN, aumentaria. Essa análise também incorpora a queda recente do minério de ferro.Uma conta rápida da qual o setor se vale - para cada tonelada de aço bruto é usada 1,6 tonelada de minério de ferro e 600 quilos de carvão - mostra que em dólares os gastos da empresa mineira recuariam 3% sobre o calculado para o primeiro trimestre. Mas o câmbio, é fator importante nessa equação, já que a commodity é dolarizada. Considerando que o real se valorizou nos últimos meses ante a moeda americana, em reais, o custo diminuiria em 4%.Para a CSN, a situação é exatamente inversa. Esses gastos se elevariam em 21%, em dólar, e subiriam cerca de 20% em reais.Procurada, a Usiminas informou que está impedida de comentar o assunto devido ao período de silêncio que precede seu resultado do primeiro trimestre. A CSN não se manifestou a respeito. 
 

 Sobre os três primeiros meses do ano, levando em conta a cotação trimestral fechada em US$ 285, a Usiminas teria sofrido, por outro lado, um solavanco nos custos de produção. No período, o minério se valorizou. Em dólar, a siderúrgica mineira teria alta de aproximadamente 13% nos custos, ante o quarto trimestre. Em reais, o aumento seria menor, de 8%.Enquanto isso, a CSN, que compra no mercado "spot", surfou a retração do carvão nos três meses. Os custos em dólar caíram cerca de 14% e em reais, 19%.É importante ressaltar, contudo, que essas variações são indicativos. 
 

 O número final vai depender do nível produtivo para diluir custo, da eficiência operacional das companhias e até do uso de outros combustíveis, como o gás natural. A Usiminas também pode reduzir o impacto em negociações com fornecedores e a CSN, com a exportação de seu próprio minério de ferro, produzido em Casa de Pedra. 


Fonte: INDA