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Brasil - Alta do IPI para importados pode refletir negativamente no mercado de autopeças.
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O anúncio do aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos importados, em 30 pontos percentuais, levantou discussões na indústria brasileira de autopeças. “Os resultados esperados são no mínimo duvidosos e a medida é insuficiente para resolver a questão da competitividade das indústrias de autopeças como um todo”, afirma o presidente da Anfape (Associação Nacional de Fabricantes de Autopeças), Renato Ayres Fonseca.
De acordo com Fonseca, os idealizadores da medida apostam que ela favorecerá o fabricante de autopeças nacional se o veículo produzido com no mínimo 65% dos componentes nacionais recuperar participação de mercado sobre os importados. Além disso, a indústria se beneficiará se as montadoras elevarem o índice de nacionalização de alguns modelos, com o objetivo de alcançar os 65% de componentes nacionais necessários para beneficiar-se da medida.
O presidente explica que a maioria das montadoras consegue comprovar, com os critérios atuais, índice mínimo de nacionalização de 65% mantendo, ou até elevando - elas e seus fornecedores - o volume de suas importações. Por isso, de acordo com ele, “quem conhece o setor desconfia se a substituição das importações acontecerá efetivamente”, completa.
Mercado
Segundo Fonseca, as próprias montadoras, principalmente as maiores e mais antigas no País, são as grandes importadoras não só de carros, como também de peças. “Seus grandes fornecedores, conhecidos como sistemistas, empresas globais presentes em muitos países, também figuram entre os grandes importadores de autopeças apesar de possuírem tecnologia e capacidade ociosa suficiente para produzir aqui grande parte do que importam”, explica, acrescentando que “o problema da competitividade da indústria automobilística nacional não é a entrada de veículos, mas de autopeças”, completa.
Na observação do presidente, em 2006 a balança comercial de autopeças teve um superávit de US$ 2 bilhões. Segundo ele, em quatro anos o déficit chegou a US$ 3,5 bilhões, já em 2011, o déficit comercial já está 23% mais alto do que em 2010.
Futuro
De acordo com Fonseca, a medida que aumenta o IPI para carros importados poderá apenas arrefecer o crescimento de novas marcas, mas não conseguirá reverter o quadro da balança comercial de autopeças, que segundo ele é o verdadeiro retrato da desindustrialização em estágio avançado no País.
Embora seja um decreto, o aumento do IPI ainda poderá ser contestado, de acordo com o presidente. “Há ainda a possibilidade de contestação do mecanismo utilizado por parte dos importadores de veículos tanto no Judiciário, alegando inconstitucionalidade do uso do IPI diferenciado para produtos da mesma categoria, quanto na OMC (Organização Mundial do Comércio), como ferramenta para regular a concorrência”, explica.
Fonseca também sugere a melhor saída para o problema do IPI. “Tal política deveria ter como instrumento o II (Imposto de Importação) que, diferentemente de veículos que já estão no máximo permitido, de 35%, ainda há margem para elevação”, afirma, acrescentando explicação sobre a desindustrialização. “A causa da desindustrialização do País, que transfere empregos para países asiáticos, é a falta de competitividade da indústria de autopeças, grande geradora de desenvolvimento e base da indústria automobilística”, completa.
Para Fonseca, a política industrial para o setor poderá avançar se também focar na competitividade das indústrias de autopeças. De acordo com ele, tal atitude seria grande geradora de empregos, renda e desenvolvimento econômico, que poderiam minimizar os fatores que na prática têm impedido a produção no País, como custos elevados das matérias-primas, da energia elétrica, do capital e da infraestrutura, a alta carga e complexidade tributária e as disparidades cambiais entre o Brasil e os países exportadores.
Fonte: Infomoney
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