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Setor de ferro-gusa em Minas ensaia retomada.

Publicada em 2011-10-11



Embora ainda longe do desempenho registrado no período pré-crise de 2008, o setor de ferro-gusa em Minas Gerais começa a mostrar sinais de recuperação. Os primeiros resultados positivos se devem à valorização do dólar frente o real e ao crescimento das exportações, além da manutenção do consumo interno. Dados da balança comercial brasileira comprovam o aumento dos embarques do produto. De janeiro a setembro, houve uma expansão de 95% no valor total vendido ao exterior, de 65% no volume e 18% no preço da tonelada.

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Depois de longo período em que foi difícil garantir a sobrevivência, produção de gusa começa a reagir
Depois de longo período em que foi difícil garantir a sobrevivência, produção de gusa começa a reagi


Trata-se de uma boa notícia, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado, já que o mercado interno vinha sendo o único responsável pela sobrevivência do segmento no Estado. Mas os desafios da indústria guseira ainda são muitos. "Houve uma evolução recente bem melhor do que vinha acontecendo no ano passado. Até o início de setembro, os preços estavam baixos, mas houve uma melhora razoável nos últimos 30 dias", afirma.

Porém, segundo ele, com a tendência de desaquecimento da economia brasileira, que também deverá ser afetada pela crise internacional que se agrava, é difícil saber se essa melhora no cenário vai se manter. "O dólar está melhor, mas a demanda externa não se recuperou totalmente. Ainda estamos muito aquém do período pré-crise", diz Cançado.

O dirigente explica que, em relação ao mercado interno, a comercialização de ferro-gusa está próxima de se igualar aos patamares atingidos no período pré-crise. Na época, somente as vendas domésticas chegaram a cair 40%. Em 2007, antes da turbulência e quando o setor experimentou um forte aquecimento, eram comercializadas no mercado interno 2,5 milhões de toneladas. Em 2010, o volume alcançado foi cerca de 10% inferior. Para este ano, a perspectiva é de que o desempenho do setor repita o ano passado ou apresente uma ligeira variação positiva.

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Dos 102 altos-fornos instalados no Estado, menos de 70 permanecem ativados
Dos 102 altos-fornos instalados no Estado, menos de 70 permanecem ativados

Por outro lado, as vendas externas, que em 2010 somaram 760 mil toneladas, ainda não estão nem perto de alcançar o volume de 2,3 milhões verificado antes da crise internacional. "Mas em termos de preço melhorou e a venda de ferro-gusa para o mercado internacional já se igualou ao montante exportado em todo o exercício passado", ressalta. No final do mês passado, a tonelada do gusa estava sendo negociada a cerca de US$ 500.

Além disso, houve aumento na importação por parte de importantes consumidores do ferro-gusa brasileiro, como Europa e Estados Unidos. "A melhora foi discreta, mas isso nos deu esperança", declara.

No entanto, o presidente do Sindifer-MG lembra que a China é forte concorrente do Brasil, tanto diretamente, quando vende o ferro gusa no mercado externo, quanto indiretamente, quando vende aço e produtos manufaturados.

Hoje, dos 102 altos-fornos instalados nos polos guseiros do Estado, principalmente Sete Lagoas e Divinópolis, menos de 70 permanecem ativados. E segundo Cançado, a sazonalidade não é favorável. "A tendência é de que esse número não varie muito até o começo do ano que vem, já que o fim de ano não é tradicionalmente um período muito aquecido para o gusa", explica.

 


Fonte: Diário do Comércio