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Brasil - Chuva afeta produção mineira.

Publicada em 2012-01-25



As chuvas que castigam várias cidades de Minas Gerais desde o final de 2011 têm afetado também minas e ferrovias, ameaçando a produção de minério de ferro no estado. Minas Gerais é o principal produtor da commodity no país e, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), concentra quase 70% da produção, com operações de grandes mineradoras como a Vale e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o estado é responsável por 30% a 40% da exportação nacional de minério de ferro. Em 2011, o Brasil exportou 331 milhões de toneladas da commodity – o equivalente a US$ 41,8 bilhões.

Este ano, porém, as consequências da chuva já são sentidas. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) informa que, na primeira semana de janeiro, a média diária de exportações de minério foi de US$ 103 milhões. No mesmo período do ano passado, este número chegava a US$ 178 milhões.

A temporada de chuvas é a mais severa desde 2010. As paralisações – feitas por medida de segurança – podem afetar a oferta e, consequentemente, os preços da commodity. José Augusto de Castro, vice-presidente executivo da AEB, acredita que as exportações de minério de ferro devem recuar cerca de 10% no mês de janeiro, considerando uma possível defasagem de três milhões de toneladas da commodity, que representam uma média de US$ 300 milhões.

De acordo com Castro, porém, esta perda pode ser compensada ao longo do ano. Ele conta que as vendas poderão ser atrasadas, ao invés de canceladas, se ainda houver demanda internacional.

Renato Mendes, doutor em relações internacionais e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), conta que o Brasil fornece 15% do minério da China e mais de 50% da commodity importada pela Europa. “É importante reforçar que o país não está de todo parado. Existem outras minas funcionando na região Sudeste, mas estas, provavelmente, não conseguirão dar conta de toda a produção. De qualquer maneira, as consequências serão sentidas no mercado externo e a perspectiva é de que os preços comecem a subir ainda este mês”, afirma.

Clima conhecido

Apesar de assustar, não é a primeira vez que o estado depara-se com o dilúvio capaz de afetar grande parte da produção mineira.

Mendes afirma que o mercado já está preparado e espera a diminuição do produto no mercado por conta de fatores climáticos. “Todo começo de ano há chuvas em Minas Gerais, assim como acontecem furacões na Austrália. Os países que dependem da importação para obter minério de ferro conhecem muito bem o funcionamento do ciclo de produção nos países exportadores e as intempéries que enfrentam com frequência”, diz.

O professor conta que, apesar de ser o principal item de exportação brasileira há onze anos, o impacto na produção e na qualidade de minérios de ferro causado pelas chuvas não deve afetar diretamente a balança comercial de 2012. Para ele, a perda provavelmente será compensada por aumentos no preço do produto.

Castro concorda e – apesar de as chuvas terem afetado mais de 60% da produção total de minério de ferro, de acordo com dados da AEB – afirma que, quando a situação normalizar, o estado possivelmente recuperará grande parte da produção perdida. O vice-presidente considera o problema pontual, mas garante que o temor não deve ser estendido a longo prazo.

 


Fonte: Terra