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Brasil - Chery reúne 160 possíveis fornecedores.
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A Chery começou nesta segunda-feira, 18, um longo processo para definir os integrantes de sua rede de suprimentos no Brasil e, por consequência, o que será importado e o que será nacional na produção de carros em sua fábrica de Jacareí (SP), a ser inaugurada no segundo semestre de 2013 após receber investimentos de US$ 400 milhões. Com a ajuda do Sindipeças, associação que integra cerca de 500 fabricantes de componentes automotivos no País, a montadora chinesa realizou em São Paulo o Chery Day, evento no qual reuniu 160 possíveis fornecedores, divididos em quatro grupos: motores, chassis e powertrain, plásticos e eletroeletrônicos.
No evento, os participantes foram informados sobre os planos da Chery para o Brasil e as possíveis oportunidades de fornecimento de componentes que integram 35 sistemas automotivos. Como principal atrativo, a montadora mostrou sua capacidade de produção no País, de 50 mil carros/ano em um primeiro estágio, com objetivo de chegar a 150 mil/ano em cerca de dois anos. “Já mantínhamos conversas com prováveis fornecedores, mas precisávamos ampliar o leque de opções. Foi o que fizemos hoje, para começar o processo de escolha e validação, que dependendo do componente pode levar de seis meses a dois anos”, explicou Alexsandro Godoy, gerente de compras da Chery Brasil.
Segundo Godoy, de agora em diante serão agendadas reuniões exclusivas com os interessados em fornecer, para dar início às negociações, com cotações e visitas técnicas às fábricas dos candidatos. Ele disse que, entre as várias condições da Chery para validar um fornecedor, estão certificações internacionais de qualidade (como ISO e QS), ser uma empresa que já integra a cadeia de suprimentos de outros fabricantes de veículos, fazer produtos universais usados por vários tipos de carros e passar pela auditoria da montadora. O processo será conduzido pelo que a Chery chama de Product Model Team, equipe formada por integrantes dos departamentos de compras, logística, qualidade e engenharia.
As empresas que já são fornecedoras da Chery na China, caso de gigantes multinacionais do setor como Bosch, Delphi e Magneti Marelli que também têm fábricas no Brasil, passarão por um processo abreviado, mas as unidades locais de produção terão de passar por vistorias técnicas.
Esforço de nacionalização
Kong Fan Long, presidente da Chery Brasil, disse que o processo de nacionalização é “complexo”, mas a intenção é nacionalizar “o máximo possível todos os componentes usados na produção de carros no Brasil”. Ele reconhece que esse será um processo demorado, passando sempre por análises de custos sobre o que vale a pena importar e o que é mais vantajoso comprar aqui. Um exemplo é o aço, cujos preços são sempre considerados altos demais no Brasil: “Se fosse hoje, provavelmente importaríamos a maior parte e compraríamos uma pequena parte aqui. Mas esse cenário está sempre mudando, pode ser que mais adiante nossa decisão seja oposta”, explicou.
Dentro dessa estratégia, a Chery já decidiu que, nos primeiros anos de operação aqui, vai importar da China 100% dos motores, até que a produção atinja nível suficiente para justificar novo investimento em uma fábrica de motores.
Também está nos planos trazer parceiros da China para a operação brasileira, seguindo dois modelos: o primeiro seria o investimento próprio dessas empresas em novas fábricas aqui; o segundo seria por meio de associações com fornecedores já instalados. “Nós incentivamos bastante essa fórmula e já existem negociações avançadas nesse sentido”, contou Long, sem no entanto revelar nomes nem componentes.
Long diz que conhece bem a grande diferença de custos de produção entre Brasil e China, mas avalia que a vantagem chinesa não é tão grande aqui quando se consideram os impostos sobre produtos importados e a logística. “Sabemos que é mais barato produzir na China, contudo não ficamos tão competitivos depois de agregar todos os outros custos envolvidos.”
“A experiência de montar em CKD no Uruguai foi muito válida para nós, pois trazemos carros de lá (Tiggo e Face atualmente) sem pagar imposto de importação. Por isso estou convicto que continuaremos a ter preços competitivos com a produção nacional”, afirmou Luis Curi, vice-presidente e diretor comercial da Chery Brasil. “É preciso lembrar que só o imposto de importação é de 35% e daí incidem os demais tributos em cascata; é um custo muito importante que não teremos produzindo aqui. O transporte também é complicado: entre o pedido e a chegada do carro no País o processo leva quatro meses. E o yuan (moeda chinesa) está sob forte pressão, valorizou 20% contra o dólar nos últimos meses. Tudo isso deixa o produto importado muito caro”, elencou Curi.
Principal investimento fora da China
Du Weiqiang, vice-presidente da Chery International, que veio da China para participar do evento com os fornecedores, enfatizou que hoje o Brasil é o maior investimento da montadora no mundo. “Pela potência de seu mercado, o País é o mais importante para a Chery no momento”, afirmou.
O executivo reconhece que o cenário internacional é desfavorável para novos investimentos em todo o mundo, “inclusive no Brasil, com a adoção das novas regras de IPI” (desde o ano passado majorado em 30 pontos porcentuais para produtos importados de fora do Mercosul e México ou com baixo conteúdo nacional). “Mas não mudamos de opinião sobre o Brasil. A importação é só para testar mercado. Vimos que nossos produtos foram bem aceitos e por isso tomamos a decisão de fabricá-los aqui”, destacou Weiqiang. “Nosso desejo é fabricar carros competitivos no Brasil, trazer modelos do Uruguai e importar de fora só uma pequena parte para o mercado brasileiro”, explicou.
Fonte: Automotive Business
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