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Falta de Carvão faz Gusa parar de novo.

Publicada em 2010-04-06



Antes de completar 48 horas de fiscalização, a operação Corcel Negro, deflagrada pelo Instituo Brasileiro do meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF),já ameaça detonar nova crise na indústria de ferro-gusa de Minas Gerais. Com o objetivo de coibir o comércio e transporte irregular do carvão, a operação interrompeu a viagem dos caminhões que entregariam a matéria-prima na quinta-feira e ontem aos produtores do estado. Segundo o Sindicato da Indústria do Ferro de Minas (Sindifer), na região de Sete Lagoas e Divinópolis, polos de produção do gusa no Centro-Oeste mineiro, 20 fornos foram paralisados por falta de estoques, o que corresponde a cerca de 30% do total em funcionamento. Cerca de 300 veículos teriam sido barrados próximo ao trevo de Curvelo, e em pontos estratégicos do estado.

Os caminhões de carvão estão sendo impedidos de trafegar pela ausência de licenças específicas para o motorista e o veículo. “Enviamos uma nota oficial ao Ibama. Se não for dado um prazo para adequação às exigências do órgão, rapidamente teremos 100% dos fornos abafados”, reclama o presidente do Sindifer, Paulino Cícero. Segundo ele, tanto o certificado de Motorista para Produtos Perigosos (MOP) quanto a Licença de Transporte para Produtos Perigosos (LTPP) são documentos que existem há cerca de 10 anos, mas nunca foram exigidos pela fiscalização.

“Essa é uma novidade que chegou sem aviso prévio. Ninguém sabe onde obter esses certificados e é preciso que o setor tenha prazo para se ajustar”, defende Cícero. A estimativa do Sindifer é de que amanhã 80% dos fornos do estado, que usam o carvão como termo-redutor, estejam abafados por falta de carvão vegetal. Mesmo as indústrias autossuficientes na matéria-prima, com plantio próprio de florestas, estão tendo problemas no transporte.

No Ibama, em Brasília, nenhum porta-voz foi encontrado para comentar o assunto. Na segunda-feira , representantes do setor devem se reunir em Brasília com o presidente do órgão, Roberto Messias Franco, para tentar negociar prazo de adaptação às regras. Minas Gerais tem 106 fornos de produção do gusa, mas, atualmente, só em torno de 60 estão funcionando, tendo em vista o baque de vendas que o setor sofreu depois da crise financeira mundial. A produção ainda não retomou aos níveis anteriores à turbulência mundial. A média histórica de 450 mil toneladas mensais produzidas, está, hoje, em 320 mil toneladas. “Em 2009, enfrentamos o pior ano da história, e, agora, corremos o risco de mais uma vez parar a produção”, criticou Cícero.

PROTEçãO AMBIENTAL A operação Corcel Negro está sendo realizada também no Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Piauí, Maranhão, Bahia, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, todos eles produtores e consumidores de carvão irregular. A ação não tem prazo para terminar, e cumpre o objetivo a proteção do cerrado, meta inserida no Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PP/Cerrado), lançado pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

O plano é uma ação para proteger o bioma, que ocupa um quarto do território brasileiro (12 estados), mas que teve 49% de suas áreas destruídas. Além da conferência da documentação e da origem do produto, durante a fiscalização estão sendo verificadas as condições do transporte, pelo fato de o carvão vegetal ser considerado um carga perigosa. De acordo com estimativas da Polícia Rodoviária Federal, transitam, diariamente, pela BR-040 cerca de 600 caminhões carregados de carvão em direção às siderúrgicas. Numa base da operação no Norte de Minas, até ontem a tarde, foram vistoriados 34 caminhões de carvão, dos quais nove deles foram apreendidos. Eles estão sendo encaminhados para um terreno no câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros.


Fonte: Estado de Minas