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Reajuste do preço do minério vai doer no bolso do consumidor
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Os reajustes no preço do minério de ferro fechados entre a Vale e empresas asiáticas, que variam entre 90% e 100% – e servem de referência no Brasil –, já estão repercutindo no mercado interno, como efeito cascata. É o caso dos fabricantes de aço, que têm no minério a principal matéria-prima. Siderúrgicas como Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciaram reajustes entre 10% e 15% no preço do aço nos últimos dias.
O maior impacto será sentido na ponta da distribuição, principalmente pela indústria de eletrodomésticos (linha branca) e a indústria automobilística. Os reajustes começam a valer este mês, com previsão de mais uma remarcação no início do segundo semestre. De acordo com analistas, o dominó pode provocar uma remarcação acumulada no ano de 30%, sentida principalmente no atacado. É bom lembrar que o mercado mundial de minério de ferro é controlado por três empresas: a brasileira Vale e as multinacionais BHP Billiton e Rio Tinto. Elas são as donas do pedaço. A China já está propondo um boicote de dois meses à compra do insumo.
Na indústria automobilística, o maior peso fica com os carros populares, nos quais o aço representa 9% do valor final do produto. No caso dos eletrodomésticos, a matéria-prima também pesa. Para ter uma ideia, na composição de custos do fogão de quatro bocas, mais de 17% do valor corresponde ao insumo. Apesar da introdução do plástico na cadeia produtiva, 10% dos custos da geladeira ainda correspondem à matéria-prima. Os reajustes, que estavam previstos para 1º de abril, foram postergados para o dia 20 – e os fabricantes já fazem as contas do impacto no custo, que pode ser maior que a meta da inflação para o ano, de 4,5%. “O aumento do aço será de 9,5%. Teremos que repassar para as redes de eletrodomésticos um aumento de pelo menos 5%”, afirma Marcelo Soares, diretor industrial da Suggar.
A Fiat Automóveis não comentou sobre aumentos específicos de preços, mas frisou ter preocupação com os aumentos sucessivos dos custos da matéria-prima. Em abril, os automóveis já tiveram reajustes entre 3% e 4% referentes à volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
A nova precificação do minério de ferro, agora com contratos trimestrais (antes, eram anuais), preocupa quanto à pressão inflacionária, já que a tendência do mercado interno é seguir o mercado internacional. O novo modelo de contrato firmado pela Vale corresponde a mais de 90% da base de clientes da empresa. Segundo Pedro Galdi, analista de investimentos na área de mineração na CLW Consultoria, os reajustes no preço do minério trazem um alerta mundial. “Os países emergentes podem controlar a inflação alterando a taxa básica de juros, o que não ocorre da mesma forma em todo o mundo. Em alguns países, a inflação pode ser maior”, diz.
Os reajustes com repercussão nos custos dos itens siderúrgicos não devem ser fortemente sentidos pelo consumidor final, com repercussão residual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No entanto, analistas já revisaram para cima a previsão para o IGP-M, índice que mede os preços no atacado. Rafael Bacciotti da Tendência Consultoria, diz que a previsão de 5% do índice para 2010, cresceu para 6,5%, um avanço surpreendente, por conta do reajuste do minério de ferro. “Os consumidores do atacado, com contratos administrados, vão sentir mais fortemente os reajustes”, aponta Bacciotti. André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas, também considera que o repasse para o varejo será em menor escala. Segundo ele, o fim do incentivo fiscal será mais sentido no IPCA do que o aumento de preço da matéria-prima.
De olho no movimento do dragão, a construção civil evita considerar reajustes de preços do aço longo. A Gerdau diz que não tem previsão de aumento de preços do aço para o mercado interno. A ArcellorMittal também não. O diretor da Construtora Castor, Cantídio Alvim, acredita que as importações devem segurar o preço do aço no mercado interno. “Algumas empresas já estão importando o produto de boa qualidade da Turquia, 40% mais barato”, pondera. 07/04/2010
Fonte: Estado de Minas
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