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Fábrica de máquinas vira importadora
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Criada em 1974, a Kone, pequena fabricante de máquinas, localizada na cidade de Limeira, interior de São Paulo, é hoje um exemplo de como o ambiente econômico no país se tornou hostil ao segmento industrial de bens de capital.
Em 2006, Marcelo Cruanes, filho, neto e bisneto de industrial, teve de tomar uma decisão difícil: reduzir a própria produção de fresadoras, furadeiras e outras máquinas vendidas no mercado brasileiro para iniciar outro negócio: importações de equipamentos da Ásia.
A concorrência asiática foi e tem sido implacável para a Kone. Hoje, Cruanes, por insistência ou 'teimosia', diz, tem mantido um nível mínimo de produção na unidade industrial.
Por ano, ele tem comandado a produção de 200 máquinas, algo como 16 unidades por mês.
As importações, que atingiam mais de 50 máquinas por mês, caíram, por sinal, nos últimos tempos.
A empresa deve importar neste ano 150 máquinas, algo como 12 ou 13 unidades mensais.
Segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), esse é um reflexo do baixo nível de investimentos industriais no Brasil.
'Sem investimento no país, temos problemas para a indústria brasileira, mas vamos ter problemas para os importadores também, que começam a vender menos equipamentos no mercado local', diz José Velloso, vice-presidente da Abimaq.
Consumo
O consumo de máquinas no Brasil tem caído. De janeiro a outubro, o país gastou
R$ 94,3 bilhões, apenas 1,5% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Esse ritmo tem caído, diz a associação do setor.
A decisão de reduzir a produção local para importar tem contribuído para a diminuição do nível de emprego no setor.
O conjunto da indústria brasileira de bens de capital emprega hoje 254.506 trabalhadores. De outubro de 2011 até agora, o setor já demitiu mais de 9.000 pessoas.
'Não houve mais demissão porque muitas indústrias estão utilizando essa mão de obra para dar assistência técnica para as máquinas importadas', afirma Velloso.
A Kone também demitiu. Emprega hoje 85 funcionários. Antes da invasão dos importados, a empresa administrava um quadro de 250 empregados.
Vazio
A estrutura física da fábrica, instalada num terreno de 7.000 metros quadrados, que toma todo um quarteirão, vive vazia. Cruanes já pensou até em vender uma parte do terreno para algum investidor do mercado imobiliário, mas desistiu.
A vocação para o ramo industrial mantém-se.
'Enquanto der para tocar, vou tocando', afirma ele.
Fonte: Folha de São Paulo
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