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Carga tributária limita o crescimento do Brasil.

Publicada em 2013-05-28



Não é preciso ser especialista para afirmar que o Brasil precisa urgentemente reduzir a sua carga tributária, especialmente no setor automotivo, que é a mais elevada entre os países emergentes. Se o governo ainda tinha dúvidas de que reduzir os impostos e desonerar a folha de pagamento (especialmente da indústria) é uma medida sensata, deixou de ter com os resultados das vendas de automóveis em abril.

Nos últimos doze meses, o governo atuou junto à indústria, fornecendo desconto no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e desonerando a folha de pagamento de alguns segmentos. O setor de veículos automotores é uma prova de que, toda vez que o benefício é concedido, as vendas reagiram e todos os agentes envolvidos, especialmente os consumidores, saíram ganhando.

O mês passado, por exemplo, foi o melhor abril da história da indústria automobilística brasileira. As vendas cresceram 29,4% em relação ao mesmo mês de 2012. Nos primeiros quatro meses do ano, comparando com o mesmo período do ano anterior, elas cresceram 8,2%. Isso demonstra que o setor automobilístico teve um desempenho cerca de oito vezes superior ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no mesmo período.

Os indicadores revelam que a enorme carga tributária é um dos principais entraves do crescimento do País. É no mínimo interessante constatar que, apesar do assunto ser amplamente conhecido e debatido, a administração pública parece agir na contramão. Pois os impostos, em de reduzirem, continuam subindo um pouco mais a cada gestão.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), a carga tributária brasileira cresceu para 36,27% do PIB, fazendo com que a receita do governo federal registrasse recorde em 2012, quando arrecadou R$ 1,59 trilhão. E não são apenas as empresas que estão sendo oneradas. O cidadão comum tem pago, a cada ano, mais Imposto de Renda. O total arrecadado pela Receita Federal entre 2008 e 2012 passou de R$ 4,9 bilhões para R$ 6,6 bilhões (segundo reportagem do Jornal O Globo do dia 03/05/2013).

Diante disso, temos de torcer para que não haja nenhuma crise financeira externa que possa nos afetar a economia brasileira, pois seria um desastre. Afinal de contas, o País aumentou enormemente as suas despesas, exigindo mais arrecadação. Os gastos com o pessoal da administração pública federal, por exemplo, aumentaram 133% nos últimos oito anos (de acordo com reportagem da Agência Brasil publicada na N1 News de 05/05/2013).

“Há muitas formas de ficar rico no Brasil, e uma delas é ser funcionário público. Recentemente, um servidor do governo do estado de São Paulo foi remunerado, em um único mês, em R$ 361.500. Muitas outras funções públicas pagam mais do que cargos similares em país desenvolvido, como é o caso dos Estados Unidos,” garante matéria do Jornal New York Times de 06/05/2013.

Além disso, as famílias brasileiras estão endividadas como nunca antes, ou seja, compraram com o dinheiro do banco. E para piorar, os juros voltaram a subir. O Banco Itaú, por exemplo, cobra no cheque especial uma taxa de 152,81% ao ano; o Bradesco 159,02% e o Citibank 214,06% (fonte: Banco Central do Brasil em 05/05/2013). A inflação de 6,50% acumulada em doze meses, esbarra no teto da meta do governo.

Os preços dos alimentos estão subindo e o País sofre com problemas de falta de logística, infraestrutura e mão-de-obra qualificada. Temos a terceira energia elétrica mais cara do mundo e elevado índice de improdutividade na indústria. Tudo isso faz com que o Brasil perca competitividade e tenha que recorrer às importações de produtos manufaturados.

O saldo da balança comercial em abril deste ano registrou um déficit histórico de US$ 994 milhões, e no acumulado dos primeiros quatro meses de 2013, o déficit foi de US$ 6,2 bilhões (fonte: Jornal Folha de São Paulo de 03/05/2013). Em 2006, o Brasil registrava superávit comercial de US$ 5,2 bilhões, chegando em dezembro de 2012, com déficit de US$ 94,9 bilhões (segundo matéria do Jornal O Globo de 06/05/2013).

Diante do exposto, nos resta continuar trabalhando com afinco e otimismo. Torcer para que as vendas de outros setores cresçam como as de automóveis e que a taxa de desemprego continue baixa. Tomara que a inflação, os preços e os impostos recuem, para que o Brasil “faça as curvas”, que fatalmente surgirão, sem perder o rumo da prosperidade.


Fonte: Carsale