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Vantagens do aço com maior vida útil.

Publicada em 2013-06-04



A galvanização por imersão a quente geral (por bateladas) é o mais eficiente entre os processos de proteção contra corrosão de peças de aço e de ferro fundido, haja vista que, além da difusão intermetálica, a formação de ligas de Fe-Zn na superfície de contato faz com que o revestimento se integre ao metal base, com uma camada de zinco que pode atingir até 250 mícrons de espessura de camada uniforme. Além de proteger a superfície e a alma da peça, esse revestimento permite o manuseio para armazenagem, transporte e montagem mecânica, sem danos à superfície, em função da resistência à abrasão das ligas Fn-Zn formadas desde a alma da peça até a superfície, onde se forma uma camada de zinco puro.

A camada de Fe-Zn mais próxima da alma da peça chega a ter uma dureza até superior a da própria peça. Além dessa proteção mecânica (barreira), o principal motivo de se utilizar o zinco neste processo é a proteção catódica que ocorre sobre a peça, cujo principal elemento é o ferro, mais nobre que o zinco (o zinco é mais eletronegativo, corroendo-se primeiro no contato com o meio ambiente em relação ao ferro). Neste processo, a peça é totalmente imersa no banho de zinco líquido (zinco fundido entre 450 e 460°C) e toda superfície da peça que permitir acesso será protegida. A molhabilidade da superfície da peça ocorre com facilidade em função da boa fluidez do zinco fundido.

A galvanização por imersão a quente é um processo muito difundido na Europa e América do Norte. No Brasil, porém, não se pode dizer o mesmo por uma simples questão de cultura e, principalmente, pela falta de conhecimento e divulgação nos meios acadêmicos, piorando ainda mais a situação em função do não interesse pelos formandos dos cursos médio, técnico e de engenharia. Ainda hoje, às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, é muito comum encontrar profissionais da área de construção civil e arquitetos que desconhecem o processo de galvanização e suas possíveis aplicações em obras, que há mais de cinquenta anos são comuns na Europa e América do Norte, a exemplo de vergalhão galvanizado para fabricação das armaduras metálicas de construções com concreto, perfis estruturais (steel framing), perfis em substituição de dormentes de madeira para ferrovias etc.

A galvanização por imersão a quente geral é o processo com melhor relação custo-benefício, não só em relação aos demais processos de galvanização como também a outros processos de proteção contra a corrosão, que utilizam produtos como óleo, tinas, vernizes, resinas e outros. Além do mais, conforme a agressividade do meio ou região em que se encontram as peças e equipamentos que se pretende proteger com a galvanização, existe ainda a possibilidade de garantir uma proteção extra com a pintura sobre sua superfície, processo conhecido como duplex. Para se ter uma ideia, uma peça galvanizada pode ter sua vida útil prolongada por até cinco vezes em relação a uma peça somente pintada e, quando pintada sobre a camada galvanizada, sua vida útil por ser prolongada até 7,5 vezes em relação à peça protegida apenas com pintura.

Em função de ser um processo simples e rápido, e de acompanhar o desenvolvimento sustentável, as empresas de galvanização conseguem atender ao mercado de forma rápida e eficaz, além de estar disponíveis em todo o país com instalações de diversas capacidades e equipamentos de processo. Existe hoje a tendência – que já se tornou uma urgente necessidade – de se priorizar as construções metálicas, dada à rapidez com que podem ser erguidas, sem causar maiores transtornos a vizinhança. Em comparação com as construções de concreto, consegue-se ainda uma redução significativa do consumo de água e no tráfego de caminhões, pois as estruturas são produtos semiacabados , o que ainda permite reduzir o volume do entulho gerado pelas escavações e a resistência mecânica do aço permitem fundações, e assim por diante.

É preciso urgentemente uma consciência sobre a importância de se adotar construções com "almas saudáveis", ou seja, sustentáveis, com maior vida útil, através do uso de componentes de alta durabilidade, minimizando desta forma o uso de recursos naturais, de acordo com a orientação dada pela norma ABNT NBR 15575 – Edificações habitacionais – Desempenho.

*Paulo Silva Sobrinho é engenheiro e coordenador técnico do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ).


Fonte: Instituto de Metais não Ferrosos