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Brasil - Importação indireta preocupa setor de fundição.

Publicada em 2013-06-04



A importação indireta é a mais nova preocupação do setor mineiro de fundição. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga, cerca de 1,4 milhão de toneladas de fundidos entram no país por ano, na forma de produtos acabados, como componentes automotivos.

Ele explica que este volume é maior do que a produção mineira, que no exercício passado atingiu 1,175 milhão de toneladas. Além disso, os produtos importados já correspondem a aproximadamente 40% da produção brasileira (3,6 milhões de toneladas).

O aumento no volume de itens estrangeiros é impulsionado pelas compras externas de peças e componentes por parte de alguns segmentos industriais. Entre eles está a indústria automotiva, um dos grandes consumidores do insumo. 'As empresas não importam apenas uma peça do sistema de freio, mas todo o kit', diz Gonzaga.

Com isso, os principais polos automotivos do Estado registram déficit na balança comercial. Segundo ele, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), as exportações somam US$ 1,2 bilhão, contra importações de US$ 1,8 bilhão, saldo negativo de US$ 600 milhões.

Já em Contagem (RMBH), as vendas externas somam US$ 400 milhões, enquanto os desembarques chegam ao dobro (US$ 800 milhões), conforme dados apresentados pelo presidente do sindicato.

Apesar da entrada indireta de produtos fundidos, o setor registra resultados positivos em Minas Gerais. De acordo com Gonzaga, entre janeiro e março deste ano o setor em Minas produziu 115 mil toneladas. O volume é cerca de 2,5% superior ao verificado no mesmo intervalo do ano passado.

Além disso, o resultado já está acima dos índices registrados no período pré-crise financeira internacional. 'No primeiro trimestre, ultrapassamos o limite de produção de 2008, que foi um ano extremamente bom para o setor', diz. Entre janeiro e março daquele ano, as fundições mineiras produziram 110 mil toneladas. Isto representa crescimento de 4,5% na mesma base de comparação.

De acordo com o presidente do Sifumg, o setor de fundição tem um perfil sazonal de produção. Tradicionalmente, nos primeiros três meses do ano as empresas operam em carga máxima. 'No trimestre seguinte é verificada redução no ritmo, que é retomado no terceiro trimestre', explica.

Segundo ele, o desempenho registrado no início de 2013 tem gerado boas perspectivas para a indústria. Porém, para que os resultados sejam melhores é preciso dar maior agilidade aos programas de investimentos no Brasil, principalmente o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Para Gonzaga, há uma morosidade na execução dos aportes previstos no plano governamental. 'O PAC provocaria uma demanda muito grande no que diz respeito ao saneamento', justifica.

Já a recuperação das vendas externas do setor não são esperadas no curto prazo, mesmo com a valorização do dólar. De acordo com o presidente da entidade, as exportações, que chegaram a responder por 20% da produção mineira, atualmente não passam de 9%.


Fonte: Diário do Comércio