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Brasil - Exportação de carros surpreende e cresce 25%.

Publicada em 2013-08-07



As exportações de veículos estão superando as previsões das montadoras e provocando uma revisão nas projeções da produção de veículos no Brasil. Até agora, as empresas previam fechar 2013 com a produção de quase 3,5 milhões de veículos, uma alta de 4,5% em relação a 2012.

Os novos números serão divulgados no próximo mês. "O viés é de alta", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. No acumulado do ano, a produção cresceu 15,8% em relação a 2012, com 2,169 milhões de unidades. O mês passado teve produção recorde para o mês de julho, com 312,3 mil unidades.

Moan prevê alta nas exportações e queda nas importações, o que fortalecerá a produção local. As vendas externas devem ter um salto de 20% em relação ao ano passado, atingindo 534 mil unidades. Até agora, a Anfavea trabalhava com queda na casa dos 5%, com números próximos a 420 mil unidades, em comparação a 445 mil exportados em 2012.

De janeiro a julho, o crescimento das exportações está em 24,9%. Já foram vendidos para o exterior 318,6 mil veículos.

Em valores, a alta até agora é de 9,8%, com US$ 9,296 bilhões. O ano deve fechar com montante próximo a US$ 16 bilhões, 8,8% a mais que no ano passado. Antes, a previsão era de repetir os US$ 14,7 bilhões exportados em 2012.

Segundo Moan, a mudança nas projeções é resultado de um aquecimento nos mercados internos dos países para os quais o Brasil exporta.

Responsável por 77% das exportações brasileiras, a Argentina ampliou suas compras em 25% no semestre (último dado disponível), para 208 mil veículos em comparação a 166 mil em igual período de 2012.

A desvalorização do real frente ao dólar, diz Moan, "é um grande estímulo às exportações, mas só no médio prazo". No curto prazo, continua, "há um impacto nos custos com conteúdo importado". A decisão do governo, na semana passada, de reduzir a alíquota de importações de alguns insumos vai compensar "um pouco esse impacto", afirma Moan.

Vendas

Ao contrário da produção e das exportações, as vendas internas podem ficar abaixo do esperado. A Anfavea projetava alta de 3,5% a 4,5%, para 3,97 milhões de veículos, incluindo importados, mas pode rever esse número para baixo.

"Ainda teremos crescimento expressivo em relação a 2012", ressalta Moan, mas é possível que em menor patamar.

Nos sete meses de 2013 foram vendidos 2,141 milhões de veículos, 2,9% a mais que no mesmo período do ano passado. Julho teve o melhor resultado do ano, com 342,3 mil unidades, mas a média diária das vendas caiu.

Moan ressalta que houve uma redução no fluxo de pessoas nas lojas por causa das manifestações que ocorreram em vários centros comerciais.

Os estoques também diminuíram, de 415 mil para 395 mil veículos, ou de 39 para 35 dias de vendas, números que a Anfavea considera adequados diante do elevado volume de marcas e modelos de carros à disposição do consumidor brasileiro.

As montadoras encerraram julho com 154 mil funcionários. Neste ano, foram abertas 2,6 mil vagas. Em relação a julho de 2012, são 6,5 mil novos postos de trabalho.

Zigue-zague na indústria não é bom sinal

A recuperação da produção industrial após a queda do ano passado era esperada, principalmente considerando o ajuste de estoques, sem contar a superação da queda das exportações para a Argentina e do efeito da nova regulação dos motores a diesel. No entanto, o zigue-zague recente da produção industrial, com variações mensais ora muito fortes ora muito fracas, não é bom sinal. Pode indicar que os empresários estão inseguros, pois não enxergam demanda firme, o que vai ao encontro do baixo crescimento das vendas do varejo e do comércio mundial.

Estoques e confiança do empresário, que são negativamente correlacionados, exibem um quadro de deterioração na margem. A piora do humor do empresário não reflete apenas a apreensão causada pelos protestos, mas também condições objetivas, que é o novo ciclo de acumulação de estoques que pode estar se iniciando.

Em paralelo, não há sinais de recuperação relevante das margens das empresas, quê é uma condição necessária para a reativação do setor. Por um lado, houve boa notícia em relação aos preços de insumos. Por outro, a acomodação dos ganhos salariais tem sido moderada, não havendo benefício claro à indústria.

Com margens deprimidas e crescimento baixo da demanda, é difícil ser otimista com a indústria, ainda que possa haver algum benefício com a depreciação cambial.


Fonte: O Estado de São Paulo