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Desnacionalização de empresas acelera e gera preocupação.
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'Há um forte risco no cenário de continuidade do processo de desnacionalização da economia e da excessiva dependência do capital externo, que pode manter o país como um capitalista de segunda linha'. O alerta é do economista Carlos Aníbal Nogueira da Costa, estudioso sobre o assunto. A transferência do comando de empresas brasileiras para estrangeiros vem se intensificando nos últimos anos. Segundo a consultoria KPMG, as vendas de empresas brasileiras somaram 175 operações, passando para 208, em 2011. Em 2012, foram 296 negócios envolvendo a propriedade, formando uma curva de recordes sucessivos. A cada ano se aceleram as compras de empresas brasileiras por fundos ou empresas estrangeiras, a maioria com sede nos Estados Unidos (EUA).
O assunto preocupa não só setores da academia e representantes de entidades de trabalhadores. Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apontava, com dados até 2011, para a tendência crescente, desde os anos 1990, de desnacionalização das empresas de capital nacional, tanto estatais quanto privadas. Além disso, a entidade assinalava que a transferência de propriedade ocorre de forma mais intensa nos setores de alta tecnologia e de serviços. 'As empresas estrangeiras compradoras não têm interesse em transferir tecnologias para as subsidiárias compradas', reforça o documento da Abimaq.
Segundo a associação empresarial, grande parte dos investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil tem sido destinado a aquisições e fusões de empresas existentes. E não para implementação de novos investimentos. O Brasil absorve, então, principalmente as operações de menor valor agregado, enquanto transfere para as nações mais desenvolvidas grande parte das atividades mais nobres de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Impactos - Para Carlos Aníbal da Costa, mantida a atual trajetória de transferências, o país pode não dar o salto necessário de avanço tecnológico, do conhecimento e de qualificação. As decisões de investimentos dependem, cada vez mais, de decisões que atendem aos interesses externos. O que tende a reforçar o perfil do país como produtor de mercadorias. Setores estratégicos para a inovação estão nas mãos de estrangeiros.
O quadro é agravado pelo atual momento de crise no cenário global. Com a Europa em crise e os Estados Unidos em fase de recuperação, os dados do Banco Central demonstram o aumento das remessas de lucros e dividendos.
De acordo com os dados do BC, os envios se intensificaram a partir da crise de 2008, quando somaram US$ 26 bilhões, subiram para US$ 29 bilhões, em 2011, voltando a R$ 22 bilhões, em 2012. 'Os números refletem a preocupação central dos novos donos em remunerar os seus acionistas, em detrimento da realização de investimentos nas unidades locais', assinala o economista. Tema de preocupação de entidades governamentais e empresariais, a atualização e desenvolvimento tecnológicos caminham para uma situação de crise futura. Para Carlos Aníbal, 'corremos o risco de, a médio e longo prazos, continuarmos em posição submissa na economia global'.
Fonte: Diário do Comércio
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