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Alto custo da energia elétrica leva Alcoa a reduzir produção no Brasil.

Publicada em 2013-08-16



A Alcoa, uma das maiores fabricantes de alumínio do mundo, anunciou ontem que vai reduzir temporariamente a produção no Brasil a partir de setembro. Haverá um corte de 124 mil toneladas de alumínio nas plantas de São Luís (MA) e Poços de Caldas (MG) - cerca de um terço da produção no País. As operações de mineração, refinaria e transformação não serão afetadas.

A redução faz parte de um pacote global de cone de custos que também afeta as operações nas unidades de Massena (Estados Unidos), Baie-Comeau (Canadá) e Fusina (Itália).

A Alcoa tinha anunciado em maio que analisaria a produção no mundo e poderia reduzi-la em até 460 mil toneladas ao longo de 15 meses para adequar os custos à queda dos preços dó produto. De 2011 para cá, a cotação caiu de US$ 267 por tonelada para cerca de US$.180. 'Os preços do alumínio, incluindo prêmios, caíram para o menor nível em quatro anos e nós continuamos a operar em um mercado incerto e volátil', disse o presidente global de produtos primários da Alcoa, Bob Wilt, ao anunciar as medidas.

Segundo Franklin Feder, presidente da Alcoa no Brasil, as unidades locais entraram na lista de cortes global por uma razão bem específica: o custo da energia elétrica. Apenas esse insumo representa praticamente a metade do custo de produção do alumínio - e, no Brasil, ele não está competitivo. A Alcoa paga US$58 pelo megawatts/hora no contrato com a estatal Eletrobras, na região Norte do país. No mundo, o custo médio da energia para a empresa é de US$ 40 - uma diferença de 45%. 'Lutamos anos contra isso, mas o preço do alumínio caiu muito sem que o custo de energia caísse o suficiente no Brasil', diz Feder.

Segundo ele, é fato que a presidente Dilma Rousseff adotou medidas com o objetivo de reduzir a tarifa para as indústrias e para os consumidores residenciais, mas a forma como foram adotadas, somada ao uso das térmicas, que encarecem o custo de produção, terminou por beneficiar mais os consumidores residenciais. 'O governo federal e a presidente sabem disso', diz Feder. Segundo ele, uma alternativa que poderia aliviar o custo de produção também é conhecida: 'Será preciso pegar uma cota da energia que hoje está no mercado cativo (que atende consumidores residenciais) e colocar essa cota no mercado livre (onde grandes empresas negociam energia livremente)', diz. 'O governo sabe como fazer isso, mas passou o momento de discutir essa questão e acredito que retomar isso agora é difícil'

Para o mercado, a decisão da Alcoa foi interpretada como um sinal de que o País perde espaço entre as economias mais competitivas. 'Não é de hoje que a Alcoa e outras empresas reclamam do preço da energia no Brasil, diz Alexandre Montes, analista da Lopes Filho& Associados. 'Era previsível que isso fosse acontecer'.


Fonte: Estadão