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Brasil - Fechamento de linha da GM muda cadeia automotiva de São José.
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De centro de produção, no passado, de alguns dos carros mais vendidos do país a foco de conflitos trabalhistas que resultaram em fechamento de linhas e demissões em massa, a indústria automobilística que se estabeleceu no fim da década de 50 em São José dos Campos, no interior paulista, passou por uma transformação radical com o esvaziamento das atividades industriais da General Motors (GM) na região.
Parte dessa mudança se deu no perfil de suprimento dos fabricantes de autopeças, que tiveram que se reorganizar para direcionar a produção a outras montadoras - principalmente a marcas já instaladas na região, como a fábrica da Volkswagen em Taubaté.
Isso permitiu minimizar efeitos dos cortes de produção na linha de automóveis da GM, mas não evitou ajustes em setores dedicados à montadora de origem americana. No início do ano, a Johnson Controls desativou a fábrica que produzia em São José os assentos que equipavam o modelo compacto Corsa, aposentado com o lançamento do Onix.
GM já cortou 1,5 mil vagas em São José, ou o equivalente a 18,4% da mão de obra que tinha há um ano na região.
Segundo o secretário de desenvolvimento econômico da cidade, Sebastião Gilberti Cavali, a decisão da GM de fechar o setor que produzia carros de passeio em São José, conhecido como MVA, teve impacto negativo nas atividades da Johnson Controls, já que a montadora era sua única cliente na região.
Na TI Automotive - empresa de origem inglesa que tem em São José sua maior fábrica no mundo -, cerca de cem trabalhadores que produziam sistemas de ar-condicionado para a GM foram remanejados a outras áreas há cerca de um ano. Mas parte do contingente, diz um funcionário da TI, foi aproveitada para reforçar uma linha que produz sistemas de transmissão de fluidos de freio para a fábrica da Hyundai em Piracicaba.
O processo de esvaziamento da GM na região também teve impacto na utilização da mão de obra local para atividades ligadas à produção de veículos. Desde que iniciou, há pouco mais de um ano, o desligamento gradual de sua linha de carros de passeio, a GM já cortou 1,5 mil vagas no complexo industrial de São José, ou o equivalente a 18,4% da força de trabalho que tinha na região. Após uma série de programas de demissões voluntárias realizadas desde junho do ano passado e o corte em massa promovido em março, atingindo 598 trabalhadores, o quadro de funcionários da montadora caiu de 7,9 mil para pouco mais de 6,4 mil pessoas.
Outros cortes são esperados com o fechamento definitivo, anunciado na sexta-feira passada, da linha que produzia o sedã Classic. Segundo a montadora, o excesso de mão de obra na fábrica, que chegou a superar 1,8 mil operários, está hoje em torno de 850 funcionários, incluindo linhas relacionadas ao MVA.
Um acordo trabalhista celebrado em janeiro para dar sobrevida à fábrica previa a desativação do setor apenas no fim do ano, preservando, pelo menos temporariamente, os empregos de 750 metalúrgicos que operam a linha e estão em licença remunerada até o fim de agosto.
Hoje, o sindicato dos metalúrgicos tem uma assembleia marcada para as 10 horas com o objetivo de definir como será a mobilização contra as demissões. O plano inclui passeatas, caravanas a Brasília - para cobrar uma intervenção do governo federal - e paradas de fábrica. "Se ela [a GM] quiser pagar para ver, verá", diz o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, mais conhecido como Macapá, ao prometer uma reação dura no caso. Na sexta-feira, os sindicalistas voltam a se reunir com a direção da GM para discutir alternativas aos trabalhadores que estão com o emprego em risco.
Sindicato dos metalúrgicos define hoje campanha contra demissões no setor que produzia o sedã Classic.
Com exceção de um investimento de R$ 800 milhões fechado em 2008 para a produção da nova picape S10 e do utilitário TrailBlazer, São José deixou de participar da renovação de linha feita pela GM nos últimos anos e perdeu investimentos para as demais fábricas do grupo no país. Esses ajustes levaram São José a também perder protagonismo em relação às outras duas unidades industriais em São Caetano do Sul, no ABC paulista, e em Gravataí (RS) - que até 2005 eram menores, em temos de mão de obra empregada, do que o complexo no Vale do Paraíba, formado por oito setores de produção, incluindo a fabricação de motores.
Antes casa do Chevette - um dos automóveis de maior sucesso da montadora entre as décadas de 70 e 90 -, a produção de carros de passeio em São José ficou, até o mês passado, restrito ao Classic após a aposentadoria, no ano passado, dos modelos Corsa, Zafira e Meriva. Por outro lado, tanto São Caetano como Gravataí operam hoje em três turnos.
Um novo ciclo de expansão da indústria automobilística em São José depende agora da aprovação de um investimento de R$ 2,5 bilhões que está sendo avaliado pela GM para a produção de um novo carro. A montadora já tem o acordo com o sindicato local para tornar viável o projeto, assim como a garantia de incentivos do governo estadual e da prefeitura para a instalação de fornecedores de autopeças em um distrito industrial.
Segundo o secretário de desenvolvimento, Sebastião Gilberti Cavali, a GM já consultou a viabilidade de alguns sistemistas se instalarem em São José para atender a um nível de produção de 270 mil carros por ano e obteve a resposta positiva de 15 deles.
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos (ACI), Felipe Cury, a antecipação do fechamento do MVA é uma notícia ruim para o comércio da cidade, pois aumenta o clima de insegurança e o desemprego. "A boa notícia é que São José dos Campos tem capacidade de absorver essa mão de obra que será demitida. Isso já aconteceu com a Embraer, quando, em 2009, demitiu mais de 4 mil funcionários", comentou.
Segundo ele, as demissões e a redução de pedidos na cadeia de autopeças devem ser superadas com oportunidades em outros segmentos, como o aeroespacial e o petrolífero. Cavali, por sua vez, espera que o excesso de mão de obra da GM seja absorvido por empresas automobilísticas que chegam à região, como a Chery, que constrói uma fábrica na vizinha Jacareí.
Fonte: Valor Econômico
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