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Brasil - A força da sucata.
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O Brasil sempre foi um país abençoado com relação aos recursos minerais. A metalurgia brasileira (setor que envolve a fabricação de produtos de todos os metais como ferro, alumínio, níquel, cobre, etc.) é uma das mais importantes do mundo, graças a grande quantidade de minérios brutos encontrados por todo o país. À exclusão de praticamente só cobre e chumbo, somos exportadores de minérios ou dos metais já beneficiados.
O maior exemplo se dá com o ferro e aço, materiais fabricados a partir do minério de ferro. Segundo a Sinopse da Mineração e Transformação Mineral de 2013, publicada pelo Ministério das Minas e Energia (http://www.mme.gov.br/ sgm/menu/publicacoes.html), o Brasil produziu em 2012 cerca de 400 milhões de toneladas de minério de ferro e exportou quase 82% do total (327 milhões de toneladas). O que sobrou aqui deu origem a pouco mais de 41 milhões de toneladas de aço e ferro fundido. Para se ter uma ideia da força da siderurgia (ramo da metalurgia que congrega a fabricação de produtos feitos somente de ferro e aço), dentro da metalurgia brasileira, 95% dos metais consumidos no Brasil são ferrosos.
Nesse sentido, é interessante mencionar a reportagem publicada pelo caderno de Economia do Cruzeiro do Sul da segunda-feira passada, dia 4 de novembro: 'Comércio de sucata ajuda crescimento da construção e siderurgia no Brasil'. A reportagem trouxe dados do Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não Ferrosa do Estado de São Paulo para afirmar que o Brasil processa mais de 9,3 milhões de toneladas de sucata ferrosa.
Ou seja, a siderurgia brasileira movimenta, internamente, 50 milhões de toneladas de material, sendo que 18% é sucata. Segundo a reportagem, a sucata captada na região de Sorocaba é direcionada à indústrias principalmente de produtos ferrosos para a construção civil, como as armaduras de concreto (vergalhões). Ou seja, é a reciclagem transformando algo inútil, considerado lixo por quem o jogou fora, em algo útil, importante e durável.
Mas será que é vantagem exportar minério e reciclar sucata? Não seria melhor vender a sucata para países que não tem minério de ferro e ficarmos com o minério, para fabricarmos produtos melhores que os feitos com a sucata?
A resposta é sim para a primeira pergunta e não para segunda. A vantagem de se exportar minério e reciclar sucata é simples. Não é só minério de ferro que é preciso para se fazer aço. São necessárias toneladas e mais toneladas de carvão que fazem com que a pedra de hematita (o principal minério de ferro brasileiro) se transforme em aço. E carvão o Brasil não tem, nem em quantidade, nem em qualidade. Ou seja, para fazer aço importamos carvão ou, ainda pior, fazemos carvão vegetal, a partir de florestas. De reflorestamento ou não.
Para se produzir aço a partir da sucata ferrosa são poucas etapas além de derreter todos os resíduos num forno e posteriormente corrigir sua composição, processo pelo qual alguns 'ingredientes' podem ser acrescentados, mas em quantidades relativamente pequenas. Ou seja, reciclar a sucata economiza grandes quantidades de carvão, de modo que exportar o minério significa importar menos carvão.
Com relação à crença de que com a sucata ferrosa se produz material inferior que o produzido a partir do minérios, esta é infundada. Embora isso (o reciclado ter características geralmente inferiores às do material virgem) seja verdade em alguns casos para alguns materiais, com metais a coisa é diferente. Se a sucata tiver qualidade (por exemplo, não tiver contaminantes em grande quantidade) o produto final pode ter tanta qualidade quanto se a matéria prima inicial for um aço oriundo do minério. Grandes produtoras de vergalhão e de outros importantes produtos ferrosos escolhem a matéria-prima pela conveniência, por exemplo, proximidade de uma siderúrgica ou localização em uma região com grandes possibilidades de obtenção de sucata. Como Sorocaba é.
Outra grande vantagem da reciclagem de ferrosos: a fusão da sucata ferrosa envolve temperaturas que podem chegar a 2.000oC, suficientes para destruir patógenos assim como moléculas que também fazem mal à saúde humana. Dessa maneira, a sucata ferrosa pode dar origem a produtos que possam servir como embalagens de alimentos, o mais nobre dos usos. Para outros materiais, em especial papéis e plásticos, há restrições. Ou seja: latas de leite condensado, creme de leite, molho de tomate, entre outras, podem ter sido feitas com sucata ferrosa, sem problema algum.
Fonte: Cruzeiro do Sul
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