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Busca por autopeças baratas é prioridade para diretoria da Fiat.

Publicada em 2010-06-14



Toda quinta-feira às 15h (horário de Turim) a direção de compras do grupo Fiat/Chrysler reúne seus executivos da Europa, Estados Unidos e América Latina em teleconferência para identificar os melhores preços de autopeças em todo o mundo. A rotina semanal, que se repete desde setembro, pouco depois de a montadora italiana ter assumido o controle da Chrysler, soaria como exagero não fosse a ideia fixa de cada vez mais comprar componentes onde os preços são mais baixos.

"Hoje dividimos os fornecedores em dois tipos. De um lado, os que necessariamente têm de estar perto das nossas fábricas porque produzem peças grandes. No outro grupo todos os demais e que podem estar em qualquer parte do mundo desde que sejam os mais competitivos", diz o diretor mundial de compras da Fiat, Gianni Coda.

Essa busca, inevitavelmente, acaba levando as investigações da equipe de compras para a China. Tanto que a montadora instalou até um escritório em Xangai, onde 130 pessoas trabalham exclusivamente nas negociações das peças que seguirão para as fábricas da companhia na Europa.

Coda está, agora, preocupado com as perspectivas de novas taxas para a importação de certos componentes da China. É o caso das rodas de liga, que poderão receber uma taxa de 20%. "Eu digo para eles (as autoridades europeias) que as taxas deveriam se limitar ao mercado de reposição, deixando as montadoras de fora. E pergunto: "O que vocês querem? Uma guerra com a China?" O executivo explica que, incluído o custo do transporte, a roda chinesa chega na Europa custando 20% menos que a comprada no continente.

A peregrinação da área de compras do grupo italiano pelo mundo também busca reduzir o número de fornecedores e levar companhia a conseguir aumentar a variedade de modelos de veículos sobre a mesma plataforma.

Foi, aliás, com esse intuito que montadora italiana se juntou à Chrysler. Coda explica que a empresa trabalha com a meta de chegar em 2014 com a produção anual de um milhão de veículos por plataforma, no caso das três plataformas principais (para modelos pequeno, médio e grande).

O executivo não detalha os volumes atuais. Mas considera que o total de onze plataformas, no portfólio da Fiat hoje, é um número excessivo. "Sem objetivos assim não conseguiremos ser competitivos", diz Coda. É por isso que temos de fazer coisas como a aliança com a Chrysler", completa. Segundo ele, metade dos fornecedores de Fiat e Chrysler atendem as duas montadoras. Isso aumenta as possibilidades de sinergias.

Coda conta que as compras de peças produzidas na China e na Índia para as fábricas da Europa já está em torno de US$ 1 bilhão por ano. Ainda é pouco quando comparado com o volume gasto pela companhia como um todo. Somando todas as divisões, que incluem automóveis, veículos comerciais e máquinas agrícolas, as compras da Fiat junto com a Chrysler anualmente em todo o mundo chegam a US$ 65 bilhões. A perspectiva é atingir os US$ 100 bilhões em 2014.

O interesse em usar mais peças e matéria-prima da Ásia passa também pela operação brasileira, que alcança volume de compras anual de US$ 40 bilhões, o maior fora da Europa. Segundo Coda, as compras para a operação brasileira alcançarão US$ 60 bilhões em 2014. Segundo Coda, existe hoje dentro da Fiat um grupo formado por 300 pessoas do Brasil e da Europa engajado no tema das compras e qualidade.

Os executivos da montadora garantem que o conteúdo nacional nos carros produzidos no Brasil está em mais de 90%. Mas eles querem tentar convencer o governo a liberar o setor de taxas de importação para poder comprar em outros países o que acharem mais conveniente. A questão já provoca discussões em Brasília.


Fonte: Valor