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Brasil - Impasse entre indústrias e Cemig impõe demissão de 3 mil funcionários
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As indústrias de ferroligas instaladas em Minas Gerais amargam uma crise sem precedentes. Em 31 de dezembro passado venceram os contratos de fornecimento de energia das empresas com a Cemig, que vigoraram por cerca de dez anos. Com o megawatt-hora (MWh) nas alturas devido à seca dos reservatórios, as indústrias e a estatal encontram dificuldades em chegar a um acordo para renovar o contrato. Como a energia é matéria-prima para fabricar as ligas, 80% da produção do Estado estão parados. Desde 2013, foram demitidos pelo menos 3 mil empregados .
Hoje, 53 dos 66 fornos de Minas Gerais estão desligados, de acordo com o assessor de formação da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Geraldo de Araújo Silva. Segundo ele, as 11 indústrias que atuam no Estado possuíam contratos com a Cemig na casa de R$ 70 o MWh. Hoje, a companhia, que não quis se manifestar, oferece o insumo por cerca de R$ 400. O vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico (Abrafe), Humberto Zica, não comenta os valores em negociação, mas confirma que é impossível produzir na casa dos R$ 400.
Conforme explica, o custo da energia na produção das ferroligas gira em torno de 40%. As demissões entre 2013 e 2015 são confirmadas por ele, que tenta agendar reunião com o governador Fernando Pimentel (PT), para tentar uma solução.
Os sindicalistas também tentam, sem sucesso, uma reunião com o governador. Na última quinta-feira eles fizeram protesto na Praça 7 e, nesta semana, agendam ida a Brasília. “O alto valor das tarifas é o único problema do setor, que é tecnológico, eficiente e tem um ótimo nível de mão de obra”, diz Zica. E 65% da produção são exportados. Ou seja, com o dólar nas alturas, não produzir é perder dinheiro.
A qualidade dos empregados do setor foi citada por Zica como responsável pelo fato de as dispensas não serem maiores. “Vamos segurar a mão de obra enquanto der. Mas chega uma hora em que é impossível”.
Em Ouro Preto, por exemplo, a Vale Manganês está com os três fornos desligados há 14 meses, conforme o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos local, Roberto Wagner de Carvalho. Mas a empresa mantém os 150 funcionários. “Já negociamos férias coletivas e treinamentos com a empresa, mas não sabemos até quando será possível negociar”, afirma Carvalho. No final de 2014, os fornos também foram desligados em Barbacena. A empresa preferiu não se manifestar.
Granha Ligas migra e investe US$ 20 milhões no Paraguai
Se produzir no Brasil não é competitivo, as indústrias migram para outros países. É o caso da Granha Ligas, com sede em São João del– Rei. A empresa está investindo US$ 20 milhões no Paraguai, onde conseguiu um contrato de US$ 37 dólares por MWh (R$ 111, na cotação de R$ 3 o dólar), para construir uma indústria de carbeto de silício. Duzentos empregos serão gerados no país vizinho.
O proprietário da Granha Ligas, Fernando Granha, afirma que no Brasil o valor do MWh é negociado a pelo menos R$ 400. A média mundial, no entanto, é de US$ 47, ou R$ 141 (na cotação de R$ 3).
“Esse investimento poderia ser feito aqui, o que, aliás, era nossa preferência. Ou seja, os empregos poderiam ser gerados aqui. Porém, é inviável nas condições propostas”, afirma o empresário.
A unidade da Granha Ligas de São João del–Rei tem capacidade para produzir 3.500 toneladas de ferroligas por mês e responde por 60% da operação nacional do grupo. Porém, a fabricação mensal atual chega a 500 toneladas. Apenas um forno está ligado.
“Tenho 50 funcionários parados. Não demito porque a mão de obra é boa, são bem treinados. Seguro enquanto posso”, diz Granha. A companhia também possui planta no Mato Grosso do Sul, que responde por 40% das operações.
As importações também motivam a saída do empresário do país. “Com o preço da energia nesse valor, as importações aumentam muito e a indústria nacional perde competitividade”, lamenta.
Fonte: Hoje em Dia
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