Notícias
Fabricantes de carrocerias Brasileiras operam no negativo e demitem 20 mil
Tweet
A indústria de carrocerias trabalha, há algum tempo, com a carteira de pedidos vazia. No primeiro semestre, o número de demitidos chegou a 20 mil e muitas empresas têm operado no negativo para não fechar as portas de vez.
"Os fabricantes têm vendido a preços mais baixos, estão com poucos recebíveis e os custos nunca estiveram tão caros em dez anos. A conta não fecha", afirmou ontem o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), Alcides Braga.
O executivo conta que, no ano passado, a indústria de carrocerias empregava cerca de 71 mil pessoas. Hoje, o quadro gira em torno de 50 mil. "E certamente ainda temos excedente de pessoal", acrescenta Braga.
As grandes empresas do setor, responsáveis por cerca de 90% da produção no segmento pesado (o mais afetado pela crise), já têm mostrado sinais de esgotamento. As gigantes Randon e Guerra trabalham em regime de semana curta e, segundo a Anfir, outras empresas vêm operando no vermelho.
"O crédito está caro e seletivo e temos mão de obra em excesso", destaca Braga. O dirigente explica que a entidade busca medidas que possam trazer um alento para o setor. "Qualquer ajuda é bem-vinda, seja qual for a proporção", comenta.
Em agosto, a Anfir deve anunciar o enquadramento do setor no programa Mais Alimentos, linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para agricultura familiar.
Braga afirma ainda que, apesar da necessidade de regulamentação, a entidade enxerga com bons olhos o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). "Estamos seguramente no alvo dessa política, mas é preciso analisar a medida com cautela. Esperamos que seja estendida para todos os setores que estiverem com dificuldades", diz.
Ele ressalta, contudo, que o País não pode mais viver de incentivos pontuais. "Talvez essa medida beneficie apenas alguns setores e deixe de fora outros. Será que vale privilegiar apenas alguns?", indaga.
Braga destacou ainda que a Anfir continua tentando melhorar a competitividade do setor de maneira perene.
"Estamos discutindo questões que ajudem a indústria de maneira permanente", diz. Segundo ele, a Anfir levará um pleito ao Senado para que o setor consiga ser enquadrado na desoneração da folha de pagamento de 1,5%, pedido que será intermediado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Carteira vazia
O presidente da Anfir explica que a média histórica normal da carteira de pedidos desse setor é de 30 dias (geralmente em leves) até 60 dias (para pesados). No entanto, atualmente este indicador está zerado.
"Uma ou outra empresa tem encomenda, mas a maioria está operando sem pedidos", informa o dirigente da Anfir.
Braga conta que alguns fabricantes vêm mantendo um nível mínimo de produção para não fechar as portas de vez. "A planilha de contas ainda existe, com mão de obra, custos fixos, planejamento de pedidos de peças. Não dá para fugir disso", complementa.
Atualmente, a indústria de implementos rodoviários opera a cerca de 50% da sua capacidade instalada. Para o ano, a projeção da Anfir é de uma produção de 90 mil unidades, um declínio de 43% em relação ao ano passado.
Balanço
No primeiro semestre, as vendas de implementos tiveram um recuo total de 40,3% na comparação com o mesmo período de 2014. De acordo com a Anfir, o retrocesso da produção é de dez anos.
O segmento pesado (reboques e semirreboques) é o que mais tem sido afetado. No semestre, apresentou recuo de 48,7%, para 14,6 mil unidades.
"Os produtos ligados a obras de infraestrutura, por exemplo, vêm registrando quedas nas vendas de mais de 60%", pontua o dirigente. Ele acrescenta que, com as grandes construtoras paradas por conta da operação Lava Jato, o efeito veio em cascata.
Apesar do cenário, Braga avalia que "a crise obriga as empresas a se organizarem do portão para dentro. Não podemos depender de governo e nem de ninguém". Ele acrescenta que os fabricantes que se prepararam melhor devem sair mais fortes da crise nos próximos dois anos. "Quando a economia voltar a demandar, os que fizeram a lição de casa sairão na liderança", acredita.
Fonte: DCI
Tweet
Notícias Relacionadas
- Metalurgia 2025: Executivo do Trust Group destaca tendências do mercado de aço e as oportunidades no comércio internacional
- Criada uma liga metálica leve e flexível para temperaturas extremas
- Congresso Técnico da Intermach aborda Tendências da Inteligência Artificial e Tecnologias de Automação Industrial para a Indústria
- Provável ‘avalanche’ de produtos chineses no mercado global devido à sobretaxa americana preocupa indústria brasileira
- Schulz de Joinville realiza distribuição milionária a colaboradores com base em resultados
- Porto do Açu dispara nas exportações e lucra com guerra comercial entre gigantes
- Brasil desponta como potencial vencedor na guerra comercial de Trump, diz WSJ
- Brasil é o segundo em reservas de terras raras no mundo
- Veja Todas as Notícias