Notícias
Como a crise está afetando os importadores de máquinas no Brasil
Tweet
O setor de importação de máquinas está caminhando para o terceiro ano consecutivo de redução no volume de negócios. O faturamento caiu cerca de 20% em 2013, mesmo índice registrado no ano passado. Em 2015, ao que tudo indica, deve seguir pelo mesmo caminho, com possibilidade de o montante da queda ser ainda maior. E o pior é que as empresas que atuam nesse setor da economia não veem perspectivas de retomada. Uma das consequências é o crescimento dos cortes de pessoal, acompanhando ritmo de redução das atividades.
João Carlos Visetti, diretor-presidente da Trumpf do Brasil, empresa alemã fabricante de máquinas de corte e conformação, observa que a falta de confiança e a completa ausência de sinais de melhora têm contribuído para o desemprego. "A primeira coisa que a indústria corta em tempos de dificuldades são os investimentos [como a aquisição de máquinas]. Dentro da atual conjuntura, o setor de bens de capital sofre muito e torna-se necessário fazer os ajustes para se adaptar a realidade do mercado".
O Grupo Bener, uma das principais empresas do setor de importação de máquinas do País, se viu obrigado a reduzir o quadro de funcionários e enxugar a estrutura para se adequar à nova realidade do mercado. De acordo com o diretor Técnico, Ricardo Lerner, a empresa trabalha com 30% de sua capacidade e em meio a um cenário de incertezas. "Não se sabe quanto tempo a crise pode durar e não temos perspectivas de quando o mercado vai retomar", diz Lerner.
"A paralisia é tão grande, que já chegou ao consumo das famílias", comenta Dirk Hüber, diretor-geral da Junker do Brasil, fabricante alemã de retíficas. Em sua opinião, o problema é que a retração está se transformando numa bola de neve: a produção para porque ninguém está comprando e, como ninguém está comprando, a produção está parada...
Os juros altos, a pesada carga tributária brasileira e o dólar próximo de R$ 3,50 contribuem para inibir os negócios, na opinião de Carlos Eduardo Ibrahim, diretor da Makino do Brasil, fabricante japonesa de máquinas-ferramenta. Na avaliação do executivo, com a necessidade de ser mais competitivas e produtivas as indústrias estão precisando adquirir máquinas de última geração, em geral importadas. Porém, os impostos de importação e outras taxas elevam os preços de alguns desses equipamentos em até 55%, índice que acaba desmotivando qualquer um que esteja atrás de tecnologia.
"Os empresários estão com medo de investir, mesmo correndo o risco de perder contratos e serviços, por conta da insegurança econômica", diz Ibrahim. Ele frisa que, em 25 anos de atuação no comércio de máquinas, nunca se deparou com um mercado tão retraído quanto em 2014 e 2015.
Não bastassem esses problemas, Visetti, diretor da Trumpf, lembra ainda de outra questão, a dificuldade de explicar à matriz certas particularidades do mercado brasileiro. "Sempre digo que as normas mudam sem aviso prévio, e que nem sempre o 'preto é preto e o branco é branco', pois muitas coisas são passiveis de interpretação tanto no campo normativo, vide a NR-12, como no campo fiscal".
Perspectivas do setor - O grande problema, porém, parece ser a falta de perspectivas. Ricardo Lerner, da Bener, comenta que, enquanto não existir uma política concreta, séria e direcionada aos verdadeiros problemas que enfrenta, o país vai continuar parado.
Visetti observa que a Trumpf do Brasil encerrou o balanço do ano fiscal em 30 de junho e, pela primeira vez, viu suas receitas caírem cerca de 30%.
Dirk Hüber, da Junker, salienta que o aprofundamento da crise na indústria teve início há cerca de 8 meses e que o Governo deveria ouvir os apelos da indústria o mais rápido possível. "Ninguém vê perspectivas de mudança no curto prazo”, afirma.
O diretor da Makino do Brasil que, diante do quadro atual, as empresas estão se esforçando para sobreviver. “Estamos dependendo de nossas matrizes. Se não recebêssemos suporte financeiro de fora, não estaríamos vivos", comenta Ibrahim.
Fonte: Usinagem Brasil
Tweet
Notícias Relacionadas
- Metalurgia 2025: Executivo do Trust Group destaca tendências do mercado de aço e as oportunidades no comércio internacional
- Criada uma liga metálica leve e flexível para temperaturas extremas
- Congresso Técnico da Intermach aborda Tendências da Inteligência Artificial e Tecnologias de Automação Industrial para a Indústria
- Provável ‘avalanche’ de produtos chineses no mercado global devido à sobretaxa americana preocupa indústria brasileira
- Schulz de Joinville realiza distribuição milionária a colaboradores com base em resultados
- Porto do Açu dispara nas exportações e lucra com guerra comercial entre gigantes
- Brasil desponta como potencial vencedor na guerra comercial de Trump, diz WSJ
- Brasil é o segundo em reservas de terras raras no mundo
- Veja Todas as Notícias