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Setor guseiro pode parar em MG.

Publicada em 2010-08-04



A produção de ferro-gusa poderá ser totalmente paralisada em Minas Gerais. A medida, que é avaliada pelos empresários do setor, visa à redução dos estoques e a conseqüente retomada dos preços, que ainda estão abaixo dos patamares do período pré-crise, o que, aliada à alta do minério de ferro, impede a recuperação do parque guseiro no Estado.

A proposta foi discutida ontem em reunião no Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), em Belo Horizonte. Os empresários discutiram medidas para retirar o setor da nova onda de crise iniciada em julho. Entre as propostas apresentadas está a implantação conjunta de uma usina siderúrgica no Estado.

De acordo com o presidente do Sindifer-MG, Paulino Cícero de Vasconcellos, cerca de 50% dos empresários foram favoráveis ao abafamento de todos os altos-fornos. "Mas ainda é uma hipótese, pois as medidas ainda não foram definidas", afirmou. Caso a paralisação seja confirmada, cerca de 6 mil postos de trabalho em Minas Gerais estarão ameaçados.

A nova crise foi gerada pelo descompasso entre a recuperação do setor de mineração, beneficiado pelo apetite chinês pela commodity, e o setor siderúrgico. As usinas já fecharam 350 postos de trabalho no Estado.

O cenário negativo também é atribuído à suspensão das exportações do insumo após a crise financeira europeia. Além disso, os reajustes trimestrais do minério de ferro passaram a inviabilizar as operações do parque guseiro no Estado.

Outra proposta apresentada na reunião ontem na capital mineira é a implantação de uma siderúrgica, que poderá consumir o excedente da produção de gusa do Estado, conforme o presidente da entidade. Segundo ele, o empreendimento deverá produzir vergalhões para aproveitar o aquecimento da construção civil no país.

Paulino Cícero explicou que os empresários do setor poderão recorrer a linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Para os produtores de gusa não há crédito, mas a instituição conta com linhas para a cadeia do aço", disse.

O dirigente afirmou que não estão definidos a capacidade de produção e os investimentos da siderúrgica. Ele também ressaltou que os aportes serão realizados somente por empresário do setor e não estão previstos parceiros para o empreendimento.

O presidente da entidade explicou que o plano de implantação de uma siderúrgica por parte dos guseiros existe desde a década de 60. "Foram várias tentativas de desengavetar este projeto que não deram certo", disse.

Com os estoques elevados, o preço do gusa no mercado internacional está aproximadamente em US$ 420 a tonelada. Antes da eclosão da crise financeira global em 2008, chegou a alcançar US$ 850 a tonelada.

Cerca de 42 dos 106 altos-fornos no Estado estão fora de operação. A produção em Minas é hoje de cerca de 300 mil toneladas/mês. O volume representa 60% da média histórica do setor, sendo 450 mil toneladas/mensais.

De acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr), as exportações de gusa caíram 23,2% no primeiro semestre. Os embarques totalizaram 1,234 milhão de toneladas entre janeiro e junho, contra 1,607 milhão de toneladas em 2009, período em que o setor enfrentou a pior fase da crise.

Fonte: OCB - Sistema Ocemg/Sescoop-MG - www.ocemg.coop.br


Fonte: OCB