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Reciclagem viabiliza indústria do alumínio

Publicada em 2015-11-23



Se, de um lado, a crise hídrica encarece a energia elétrica e o fornecimento de água - e penaliza as indústrias eletrointensivas com um aumento de custos que chega a inviabilizar operações –, a indústria do alumínio no Brasil encontrou na reciclagem um caminho eficiente para não parar e baratear custos.

De acordo com dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), o Brasil reciclou 289,5 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas, das 294,2 mil toneladas disponíveis para o mercado em 2014, crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior.

O resultado mantém o País com o maior índice de reciclagem do mundo. De acordo com o coordenador do Comitê de Mercado de Reciclagem da Abal e também CEO do Grupo ReciclaBR, Mario Fernandez, isso demonstra o grau de amadurecimento desse mercado. “Há mais de 10 anos, somos o país com maior índice de reciclagem do mundo, com desempenhos sempre superiores a 90%. Isso demonstra a maturidade e estruturação do segmento de reciclagem brasileiro. Este é um mercado cada vez mais representativo para a indústria, sociedade e meio ambiente”, explica Fernandez.

Coleta - Em 2014, a coleta de latas de alumínio para bebidas injetou R$ 845 milhões na economia nacional. A atividade de reciclagem consome apenas 5% de energia elétrica, quando se compara ao processo de produção do metal primário. Isso significa que a reciclagem das 289,5 mil toneladas de latas em 2014 proporcionou uma economia de 4250 Gwh/ano ao País, número equivalente ao consumo residencial anual de 6,6 milhões de pessoas, em 2 milhões de residências.

O ciclo do alumínio reciclado envolve uma cadeia de milhares de pessoas em todo o País. Começa com os catadores de sucata, que podem atuar isoladamente ou em cooperativas, passa pelos centros de coleta, que dão o primeiro tratamento ao material, pela indústria de reciclagem propriamente dita – aquela que gera o alumínio secundário, que pode ser destinado a diferentes fins – até a que fabrica novas latinhas.

Em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, em São Paulo, é possível acompanhar praticamente todo o processo. A presidente da Cooperativa de Trabalho Moreira César Recicla, Maria Ângela Gonzaga, comanda uma equipe de 20 mulheres e três homens. Por dia, são coletados 200 quilos de rejeitos diversos. “O material mais importante é a lata. Coletamos 500 quilos por mês (em média) e conseguimos um ganho de R$ 600 para cada catador por oito horas de trabalho diário. Nosso maior objetivo é vender diretamente para a indústria, eliminando os atravessadores que ficam com parte dos ganhos”, explica Maria Ângela Gonzaga.

Agregar - No segundo degrau da escada está a Latasa Reciclagem. Líder no mercado brasileiro de reciclagem de alumínio há mais de 10 anos, a empresa atende a todas as regiões do Brasil. Através dos 22 Centros de Coleta Latasa/Garimpeiro Urbano e três centros de fundição (dois em Pindamonhangaba e um em Itaquaquecetuba, também em São Paulo) a empresa processa mais 200 mil toneladas de alumínio por ano.

Os centros de coleta Latasa compram vários tipos de sucata de alumínio de pequenos, médios e grandes fornecedores e cooperativas e, a partir dessa etapa, todo o processo é realizado pela empresa, que produz com a matéria-prima reciclada metal líquido, lingotes, ligas de alumínio, deox, dross, placas RSI e vergalhão. A Latasa é parte do Grupo Recicla BR. Cada centro de coleta da empresa tem capacidade para processar até 400 quilos de lata solta por hora.

De acordo com o supervisor do Centro de Coleta de Compras de Pindamonhangaba, Sílvio Leite, a matéria-prima recebida passa por um forte controle de qualidade que garante que o material prensado chegue à indústria em condições de ser fundido e ser novamente um alumínio que possa ser transformado em embalagens e outros produtos. “A principal impureza é areia. Ela vem misturada para dar peso ao lote. Eventualmente, somos obrigados a devolver a mercadoria e até penalizar o fornecedor, que pode ficar suspenso”, afirma Sílvio Leite.

Minas Gerais - Em Minas Gerais a empresa deve reabrir o centro de coletas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) ainda no primeiro semestre de 2016. O investimento previsto é de R$ 1 milhão, com geração de 10 a 12 empregos diretos e 50 indiretos. “Minas é um estado muito importante para a companhia e voltar a ter um centro de coletas é uma questão estratégica. Atualmente, o atendimento é feito por centros de São Paulo, mas este é um mercado que exige presença. Precisamos criar relacionamento, respeitar e educar o fornecedor e o cliente”, destaca o CEO do Grupo ReciclaBR.

Depois de passar pelo centro de coleta, o material prensado segue para planta industrial da Latasa. Atualmente, 200 mil toneladas de alumínio são recicladas pelo grupo, que vende a matéria-prima reciclada para indústrias automobilísticas, de embalagens, de bens de consumo, construção civil e siderúrgicas.

Todo o alumínio líquido produzido na unidade de Pindamonhangaba e quase todo em lingotes é enviado para a unidade da Novelis instalada na mesma cidade. A empresa é líder mundial em laminados e reciclagem de alumínio. Uma intrincada rede de prensas é capaz de transformar lingotes de até 600 milímetros em lâminas de 0,3 milímetros extremamente maleáveis e resistentes. De ponta a ponta, o processo, que pode ser a frio ou a quente, leva, em média, 10 minutos.


Fonte: Diário do Comércio