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Setor guseiro pode parar em MG.
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A produção de ferro-gusa poderá ser totalmente paralisada em Minas Gerais. A medida, que é avaliada pelos empresários do setor, visa à redução dos estoques e a conseqüente retomada dos preços, que ainda estão abaixo dos patamares do período pré-crise, o que, aliada à alta do minério de ferro, impede a recuperação do parque guseiro no Estado.
A proposta foi discutida ontem em reunião no Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), em Belo Horizonte. Os empresários discutiram medidas para retirar o setor da nova onda de crise iniciada em julho. Entre as propostas apresentadas está a implantação conjunta de uma usina siderúrgica no Estado.
De acordo com o presidente do Sindifer-MG, Paulino Cícero de Vasconcellos, cerca de 50% dos empresários foram favoráveis ao abafamento de todos os altos-fornos. "Mas ainda é uma hipótese, pois as medidas ainda não foram definidas", afirmou. Caso a paralisação seja confirmada, cerca de 6 mil postos de trabalho em Minas Gerais estarão ameaçados.
A nova crise foi gerada pelo descompasso entre a recuperação do setor de mineração, beneficiado pelo apetite chinês pela commodity, e o setor siderúrgico. As usinas já fecharam 350 postos de trabalho no Estado.
O cenário negativo também é atribuído à suspensão das exportações do insumo após a crise financeira europeia. Além disso, os reajustes trimestrais do minério de ferro passaram a inviabilizar as operações do parque guseiro no Estado.
Outra proposta apresentada na reunião ontem na capital mineira é a implantação de uma siderúrgica, que poderá consumir o excedente da produção de gusa do Estado, conforme o presidente da entidade. Segundo ele, o empreendimento deverá produzir vergalhões para aproveitar o aquecimento da construção civil no país.
Paulino Cícero explicou que os empresários do setor poderão recorrer a linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Para os produtores de gusa não há crédito, mas a instituição conta com linhas para a cadeia do aço", disse.
O dirigente afirmou que não estão definidos a capacidade de produção e os investimentos da siderúrgica. Ele também ressaltou que os aportes serão realizados somente por empresário do setor e não estão previstos parceiros para o empreendimento.
O presidente da entidade explicou que o plano de implantação de uma siderúrgica por parte dos guseiros existe desde a década de 60. "Foram várias tentativas de desengavetar este projeto que não deram certo", disse.
Com os estoques elevados, o preço do gusa no mercado internacional está aproximadamente em US$ 420 a tonelada. Antes da eclosão da crise financeira global em 2008, chegou a alcançar US$ 850 a tonelada.
Cerca de 42 dos 106 altos-fornos no Estado estão fora de operação. A produção em Minas é hoje de cerca de 300 mil toneladas/mês. O volume representa 60% da média histórica do setor, sendo 450 mil toneladas/mensais.
De acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr), as exportações de gusa caíram 23,2% no primeiro semestre. Os embarques totalizaram 1,234 milhão de toneladas entre janeiro e junho, contra 1,607 milhão de toneladas em 2009, período em que o setor enfrentou a pior fase da crise.
Municípios diversificam perfil produtivo
Os municípios que concentram a produção de ferro-gusa em Minas Gerais, nas regiões Central e Centro-Oeste, ainda não sentiram os impactos da nova onda de paralisação de empresas do setor, iniciada no mês passado. Apesar da preocupação com a crise, a diversificação das atividades econômicas deverá minimizar os efeitos nestas cidades.
O abafamento de três alto-fornos e a demissão de 250 trabalhadores em Sete Lagoas, na região Central, deverão ter reflexos na economia do município, mas parte dos impactos deverá ser absorvida por outros setores, como comércio e prestação de serviços, conforme o secretário de Desenvolvimento Econômico, Éder Bolson.
Segundo ele, o setor de gusa responde por aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Sete Lagoas. “Este índice já alcançou 80%, na década de 80, mas a atividade econômica vem se diversificando”, afirmou.
Conforme ele, parte da mão de obra dispensada durante o auge da crise financeira global entre o final de 2008 e iníceio de 2009, por exemplo, acabou admitida em outros segmentos, como construção civil, setor automotivo e comércio. Na região foram registradas cerca de 4 mil demissões no período.
Os investimentos de outros segmentos poderão resultar em um saldo positivo, mesmo com a crise no setor de gusa. De acordo com Bolson, somente os aportes no Sete Lagoas Shopping Center, orçado em R$ 48 milhões, deverão gerar 1,1 mil postos de trabalho no município.
O empreendimento da BR Malls, uma parceria das empresas Calsete, de Sete Lagoas, e Muller Partners, de Belo Horizonte, já possui 86,2% de sua área bruta locável (ABL) contratada. Ele deve ser inaugurado em outubro e 42% das obras estão concluídas.
Em Itaúna, na região Central, também não foram verificados os efeitos da nova onda de crise do setor, de acordo com o assessor de Desenvolvimento da Prefeitura de Itaúna, Ângelo Braz de Matos.
Ele também ressaltou que a economia no município é diversificada e grande parte da arrecadação e da geração de emprego vem de setores como fundição, autopeças e o setor têxtil. “O gusa ainda é importante para a economia do município, mas o peso do setor foi reduzido”, disse.
Conforme ele, atualmente existem apenas quatro empresas no parque guseiro de Itaúna. “Na década de 80, por exemplo, eram 23 usinas de ferro gusa”, afirmou.
Além da redução no número de empresas, houve a instalação de empresas com produtos de maior valor agregado no município. Conforme ele, somente uma empresa de autopeças responde por mais postos de trabalho que as quatro usinas.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Divinópolis, Macy Luiz de Paula, na região Centro-Oeste ocorreram algumas paralisações de altos-fornos no município. “Algumas empresas optaram por abafar os equipamentos para realizar a manutenção preventiva”, disse.
“O município ainda não tem sentido os efeitos da crise do gusa”, disse. Conforme ele, atualmente a economia é diversificada e setores como o calçadista, confecções e suinocultura estão criando emprego e renda em Divinópolis.
Fonte: Diário do Comércio
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