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Encargos dão vantagem extra à China no setor de fundição.
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A indústria de fundição da China ganha cada vez mais espaço em relação a seus competidores de outros países, Brasil incluído. "Muitas empresas chinesas do setor usam tecnologia sofisticada e dão excelentes condições de trabalho aos funcionários", garante o presidente da Deluma, tradicional indústria brasileira de fundição, Devanir Brichesi, que acaba de voltar de sua terceira viagem à China em dois anos.
Brichesi aponta duas vantagens extras das empresas chinesas em relação às fundidoras brasileiras: "Elas têm encargos trabalhistas e carga tributária incomparavelmente mais baixos que os do Brasil".
O empresário afirma, com base nessas viagens, que os chineses oferecem, assim, muito mais vantagens do que câmbio favorável e preços baixos a seus clientes. "A China avança em várias direções e torna-se uma concorrente cada vez mais forte", garante. "Em comparação à indústria de fundição brasileira, eles têm, por exemplo, encargos trabalhistas de aproximadamente 12%, contra 150% no nosso país."
Devanir Brichesi, que também é presidente da Associação Brasileia de Fundição (Abifa), cita como exemplo da evolução dos chineses a XDC Tianjin Xianda Precision Die-casting, que ele visitou no mês passado: "É uma companhia de capital 100% privado, que trabalha com fundição sob pressão com ferramentaria integrada. A fábrica é de alto nível, com tecnologia avançada, instalações impecáveis. E com uma vantagem imensa na comparação com o que temos no Brasil: o total de impostos é de cerca de 17% das vendas".
Ao contrário do que se costuma pensar, as relações trabalhistas evoluem na China, afirma o presidente da Deluma. Ele recorda que, em visita à também chinesa Beiji Heavy Machinery, que trabalha com ferro fundido, conversou com funcionários e ficou sabendo que eles recebem prêmios por produção de até um terço do salário. A produtividade na empresa é de 70 a 80 toneladas por homem-hora ao ano. A Beiji consegue, com essa estratégia, marcos como a produção da segunda maior peça de ferro do mundo, com 135 toneladas.
A TQM Tianjin Motor Dies, fabricante de estamparia para a indústria automobilística, também fez parte do roteiro de Brichesi na China. "A TQM só fabrica ferramentais de grande porte e tem como clientes as principais montadoras que atuam no país na fabricação de automóveis, caminhões e tratores. O que mais impressiona é a relação que essa empresa e outros fornecedores têm com a indústria automobilística. As duas partes trabalham em aliança. Não existe, como em outros países, vontade de arrancar preços baixos de qualquer maneira,com prejuízo para os fornecedores."
Essas vantagens dos chineses estendem-se a outros fabricantes do setor de fundição da Ásia, garante Devanir Brichesi. Ele participou há um mês de um fórum do setor com indústrias de Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong, China e Índia.
"As indústrias que participaram do encontro mostraram evolução tecnológica que impressiona", afirma. "Conhecemos, por exemplo, o desenvolvimento apresentado pela entidade de pesquisa metalúrgica da Coreia, com uso de magnésio por termomoldagem - semelhante ao que se faz no plástico. Eles fazem a adição de óxido de cálcio a magnésio puro e conseguem uma liga menos reativa e com maior alongamento."
Com base em observações como esta, o presidente da Abifa considera que "é retrógrado dizer que os chineses são mal pagos e por isso conseguem ser competitivos. Eles estão muito à frente dessa visão equivocada".
Mais do que essa constatação, Brichesi afirma que a política macroeconômica faz a diferença quando se fala de competitividade da fundição. "O Brasil adotou uma estratégica macroeconômica que impede o crescimento das empresas. Como é possível competir quando se larga em grande desvantagem, com travas às quais se soma um câmbio desfavorável à nossa indústria?"
Diante desse cenário, avalia o presidente da Deluma, a indústria de fundição, como outros segmentos do setor, fica alijada da competição no mercado externo e também no interno: "Estamos amarrados, com carga tributária muito alta, câmbio desfavorável e encargos proibitivos. Este é um dos motivos, além do tamanho do mercado, pelos quais a China produz 33 milhões de toneladas de fundidos por ano e o Brasil, apenas 3 milhões de t".
Além disso, recorda Devanir Brichesi, os chineses são avessos a parcerias: "Eles preferem gerar emprego em seu próprio país".
Netmarinha/UOL – 24/06/2010
Fonte: Netmarinha/UOL
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