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Governo estuda medidas para incentivar setor de autopeças.
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O governo trabalha para incluir a indústria de autopeças na segunda etapa da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) que está sendo preparada no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) para o período de 2011 a 2014. A informação partiu de Paulo Bedran, diretor da Pasta, durante o simpósio Tendências e Inovação da Indústria Automobilística, realizado pela SAE Brasil. "Existe no governo a compreensão de que não se pode ter uma indústria automotiva forte sem um setor de autopeças igualmente forte", diz o técnico, que dirige o departamento de Indústria de Equipamento de Transporte do MDIC.
Segundo ele, não bastam capacidade de investimento e redução da carga tributária para estimular o segmento. "É necessário também incentivar a engenharia e a inovação, com melhores processos produtivos e interação com universidades de engenharia", ressalta, complementando que o Ministério já está promovendo encontros para tratar dos incentivos ao setor de autopeças por meio de uma nova PDP. Com estas reuniões, o governo quer mapear os problemas neste mercado e definir prioridades. "Além dos incentivos à engenharia, na agenda que lançamos em março adicionamos temas como a desoneração de investimentos e o ajuste de prazos para o recolhimento tributário, por exemplo", conta.
O fato dos veículos ostentarem cada vez mais conteúdo tecnológico ajudou a alargar o déficit do setor de autopeças, que deve encostar nos US$ 4 bilhões neste ano. "Portanto, deve haver uma retomada do desenvolvimento produtivo", constata o técnico do governo. Bedran avalia que, no geral, as empresas não conhecem os mecanismos governamentais para estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico. E cita que, ainda que de forma tímida, o governo vem apoiando a engenharia por meio de uma linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar projetos nesta área. "Os valores ainda são pequenos, mas é a primeira vez na história que o banco financia bens intangíveis. É dever do governo divulgar que os recursos existem, falta capilarizar", explica.
No contexto da nova PDP, o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, disse que o sindicato está estudando, junto com o governo, a possibilidade de criar uma cooperativa com os ativos saudáveis das empresas que estão em situação desfavorável. Estes ativos, segundo ele, seriam passíveis de receber, por exemplo, capitalização do BNDES. Para Butori, há no setor de autopeças cerca de 400 empresas, todas nacionais, com potencial fazer parte desta cooperativa. "Os ativos ruins continuariam nas mãos dos empresários", conta.
Na avaliação de Butori, o setor de autopeças precisará encontrar maneiras alternativas para se destacar, uma vez que o custo Brasil continuará alto. "Não acredito mais em indústria brasileira com baixo custo. Então, para agregar valor, é necessário apostar em tecnologia e em produtos inovadores", destaca.
Competitividade
Ao discorrer sobre competitividade na indústria automotiva brasileira, a sócia-diretora da Prada Assessoria, Letícia Costa, afirma que o problema começa nas matérias-primas, com preços mais altos no Brasil não só do aço, mas também de produtos petroquímicos necessários à produção, como plástico. Ela destaca também que o custo do capital de giro para pequenas empresas é um entrave importante à competitividade. "As companhias de pequeno porte têm dificuldade em obter capital de giro para atender aos pedidos das montadoras", observa. O custo da mão de obra e os gargalos logístico também afetam este mercado. "Tem também a elevada carga tributária, mas isso não vai mudar", acredita.
Butori, do Sindipeças, critica o fato das pequenas empresas precisarem manter uma estrutura complexa, com altos custos trabalhistas, para atender as montadoras. "Conservar uma estrutura gerencial e tributária compatível é complicado quando não se tem um faturamento compatível para isso. O setor de autopeças, os pés do gigante, está frágil e medidas são necessárias para salvar estas companhias", conclui.
O diretor da Automotiva Usiminas, Flávio Del Soldato, observa que "não cuidar da pequena empresa é colocar em risco a indústria como um todo", pois aumenta o risco de custos maiores por falta de qualidade dos produtos. "O custo da não qualidade é um assunto sério, pois gera despesas altíssimas com represamento e retrabalho", opina.
Fonte: Automotive Business
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