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Preconceito é o maior obstáculo ao reuso de areia de fundição.

Publicada em 2010-09-14



As areias descartadas no processo de fundição podem ser reutilizadas com segurança, pois não causam danos à saúde ou ao meio ambiente, afirmou o pesquisador do Serviço Federal Americano de Agricultura Robert Dungan, durante seminário realizado na Federação das Indústrias (FIESC), nesta quinta-feira (9). Pesquisas realizadas com 39 empresas de fundição dos Estados Unidos mostraram que a concentração de metais pesados encontrados na areia de fundição são parecidos ou até menores que os presentes nos solos agrícolas, disse Dungan. O especialista afirmou que a população ainda tem medo de contaminação, por causa dos metais pesados (alumínio, ferro), mas os estudos estão desmistificando esse preconceito.

O pesquisador afirmou que os processos de fundição são parecidos em todo o mundo e as areias de fundição não são tóxicas. Por isso podem ser utilizadas de forma eficaz na correção de solos. Os estudos, realizado em conjunto com várias universidades americanas, avaliaram areias que contém os metais aço, ferro e alumínio.

O especialista também chamou a atenção para a questão nutricional das hortaliças. Os experimentos americanos com alface mostraram que os nutrientes do vegetal cultivado com areia de fundição se mantiveram. Em alguns casos o crescimento das plantas foi maior em relação às cultivadas em solo normal.

Uma pesquisa realizada pela Epagri e pela Tupy Fundição obteve resultados semelhantes aos americanos. Os experimentos foram realizados com as hortaliças alface, por ser um dos vegetais que mais absorvem metais, e cenoura, que além de absorver metais tem a parte comestível em contato direto com o solo. O estudo catarinense mostrou que os solos agrícolas podem conter mais metais que os solos em que foi misturado areia de fundição, e que determinados insumos usados em plantações tem mais minerais como alumínio e ferro do que as areias de fundição.  

O presidente da Câmara da Qualidade Ambiental da FIESC, José Lorival Magri, afirmou que é preciso trabalhar para que as areias de fundição deixem de ser resíduo. Para ele, a reutilização é um dos caminhos que vem sendo discutido há muito tempo no estado. "Com o reuso, você deixa de utilizar outras matérias, que são recursos naturais, e está aproveitando um material que já foi extraído e que teve um valor agregado", disse. Para ele, há um uso sustentável desse material.  

Magri afirmou o próximo passo em relação ao tema é levar ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) os estudos que tratam da questão para que o órgão regulamente o uso desse resíduo na agricultura, assim como regulamentou o uso de areias de fundição para obras de asfalto e para a construção de artefatos.

Um projeto da Tupy em conjunto com o Deinfra está usando o resíduo como base do recapeamento da rodovia SC 220 (em Rio Negrinho). Estão em processo de avaliação os aspectos ambientais e de resistência desse material.

O seminário foi realizado pela FIESC, pela Associação Empresarial de Joinville (Acij) e pela Associação Brasileira de Fundição (Abifa).

 


Fonte: FIESC Net - Assessoria de Imprensa do Sistema FIESC