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Trump diz que EUA vão impor tarifas de 25% para aço e de 10% para alumínio
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira que seu governo vai definir tarifas de importação de aço e alumínio de 25% e 10%, respectivamente, na próxima semana.
Em reunião com representantes da indústria dos EUA na Casa Branca, Trump prometeu reconstruir os setores de siderurgia e alumínio do país, afirmando que eles têm sofrido competição desleal de outros países há décadas.
O governo Trump afirma que as tarifas vão proteger a indústria norte-americana de aço e alumínio, mas críticos dizem que aumentariam custos para a indústria e não conseguiriam impulsionar a geração de emprego no país.
Os EUA também citam questões de segurança nacional na definição das tarifas, afirmando que o país precisa de oferta doméstica para seus tanques e navios de guerra. O Departamento de Defesa já vinha recomendando tarifas direcionadas para aço e um adiamento nas que envolvem alumínio.
O setor siderúrgico dos EUA perdeu quase três quartos da força de trabalho entre 1962 e 2005, mas um grande estudo da Associação Econômica Americana afirma que a maior parte das demissões ocorreu devido à tecnologia de produção melhorada, com aumento de cinco vezes da produtividade por trabalhador.
"Por isso, mesmo que a proteção tarifária leve a uma produção doméstica maior, o aumento do emprego pode ser bem menor do que muitos esperam", afirma pesquisa da rede de economistas Econofact divulgada na semana passada.
O Brasil deverá recorrer se a decisão. Em nota, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) disse que o governo brasileiro recebeu "com enorme preiocupação" a notícia.
Cerca de um terço das exportações do aço do Brasil tem os Estados Unidos como destino.
Efeitos para o Brasil
O Brasil possui 30 usinas siderúrgicas, administradas por 11 grupos empresariais.
Segundo o Instituto Aço Brasil, as exportações brasileiras de aço bruto em 2017 somaram 15,4 milhões de toneladas ou US$ 8 bilhões, com alta de 14,3% em volume e de 43,9% em valor comparativamente a 2016. Já as importações cresceram 23,9% em 2017 frente ao ano anterior, totalizando 2,3 milhões de toneladas, o equivalente a US$ 2,2 bilhões.
Em 2017 o Brasil exportou 4,8 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos para os EUA, das quais 3,7 milhões em produtos semiacabados, que precisam ser reprocessados em usinas locais antes de serem usados em produtos finais como carros, máquinas e eletrodomésticos.
O volume representa uma fração da produção siderúrgica norte-americana, que segundo a Associação Mundial de Aço, foi de 81,6 milhões de toneladas em 2017. A China produziu 831,7 milhões de toneladas, o Japão 104,7 milhões e a Índia, 101,4 milhões.
A decisão de Trump "é um tiro no pé, porque a indústria norte-americana não é autossuficiente. Ela importa produto semiacabado", disse o presidente-executivo do IABr, entidade que reúne as principais siderúrgicas brasileiras, Marco Polo de Mello Lopes. "Vai prejudicar a indústria (dos EUA), o Brasil e o consumidor norte-americano", acrescentou.
Apesar dos EUA perderem importância nas exportações de produtos siderúrgicos brasileiros nos últimos anos, as ações de Usiminas e CSN recuaram mais de 4%, respectivamente, nesta quinta-feira. Além de dificultar exportações brasileiras, o mercado avalia que as sobretaxas norte-americanas poderão elevar o excedente mundial de aço, o que pode pressionar os preços internacionais da liga e diminuir o preço de aço importado no Brasil.
Em 2017, as exportações totais de aço da Usiminas somaram 585 mil toneladas, de um total de vendas de 4 milhões de toneladas. As vendas externas no quarto trimestre da empresa somaram 196 mil toneladas, 60% delas para Argentina e Alemanha. Os EUA não aparecem como destino das exportações da empresa.
Já a CSN, que ainda não divulgou resultados do quarto trimestre, no terceiro trimestre exportou 5% de um total vendido no período, de 1,3 milhão de toneladas de aço.
As ações da Gerdau, porém, fecharam em alta de 3%. O grupo siderúrgico da família Johannpeter obtém parte relevante de seus resultados a partir de operações da empresa nos EUA. No quarto trimestre, por exemplo, as operações norte-americanas da Gerdau foram responsáveis por 40%da receita líquida e quase 20% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do grupo.
Em valores, as exportações brasileiras de aço aos EUA em 2017 equivaleram a US$ 2,6 bilhões. Enquanto isso, o Brasil importou US$ 1 bilhão em carvão dos EUA, disse Lopes, do IABr.
"O Brasil deveria ficar de fora (das sobretaxas norte-americanas)... Caso o Brasil seja enquadrado na 232, vamos entrar com recursos nos EUA para sermos excluídos", disse Lopes, que acompanhou a comitiva brasileira em Washington nesta semana.
Ele se referiu ao mecanismo usado pelo governo Trump para justificar as sobretaxas, a seção 232 da "Lei de Expansão Comercial", de 1962. O dispositivo refere-se a ações comerciais para proteger a segurança nacional dos EUA.
Os EUA citam questões de segurança nacional na definição das tarifas, afirmando que o país precisa de oferta doméstica de aço e alumínio para seus tanques e navios de guerra. O Departamento de Defesa norte-americano já vinha recomendando tarifas direcionadas para aço e um adiamento nas que envolvem alumínio.
"O governo brasileiro espera trabalhar construtivamente com os Estados Unidos para evitar eventual aplicação (de tarifas), o que traria prejuízos significativos aos produtores e consumidores de ambos os países", informou o ministério, citando diálogo de Marcos Jorge com o secretário de Comércio dos EUA.
Fonte: G1
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